O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou, na manhã desta terça-feira (1º), o campus de Lagoa do Sino, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), na cidade de Buri, no interior de São Paulo.
Durante a visita, o líder petista criticou o ministro golpista da Educação, Mendonça Filho, sem citar explicitamente seu nome, ao abordar assuntos como a PEC 241 e a Reforma do Ensino Médio. Ambas propostas são defendidas pelo governo golpista de Michel Temer.
“Agora entrou um ministro que a gente nem sabia que ele cuidava de educação. A primeira coisa que ele propôs é uma PEC 241, para cortar gastos da educação, e uma reforma do ensino médio, que vai piorar muito a situação”
“A gente não pode abrir mão de brigar pela educação, porque educação é o mais importante investimento que um país faz. O maior valor de um pai e uma mãe quer deixar para um filho não é uma fazenda, um carro, uma casa. É a educação”, finalizou Lula.
O terreno de 643 hectares, altamente produtivo, foi doado à UFSCar pelo escritor Raduan Nassar durante o governo do ex-presidente para a criação de um campus da universidade pública. Os primeiros cursos de graduação – Engenharia Agronômica, Engenharia de Alimentos e Engenharia Ambiental – receberam os primeiros 150 alunos em 2014.
Acompanhando Lula e Nassar, estavam o ex-senador e vereador por São Paulo, Eduardo Suplicy; o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos; o diretor do Instituto Lula, Luiz Dulci; e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas.
Lula exaltou “a coragem e dignidade” de Nassar ao doar o local para a construção da Lagoa do Sino.
“Não é normal no Brasil um cidadão fazer uma doação de uma universidade pública pensando no desenvolvimento da sua própria região. Esse companheiro teve a coragem e a dignidade de doar 643 hectares de uma fazenda altamente produtiva para vocês poderem hoje estudar aqui”, afirmou Lula, para muitos aplausos dos estudantes.
De acordo com o ex-presidente, a ideia de criar educação pública e de qualidade a todos sempre encontrou resistência entre as camadas conservadoras do País.
“Houve um tempo que eles tentaram calar a sociedade e a universidade brasileira, prenderam e mataram estudantes, para que não houvesse debate político”.
“São esses mesmos que veem um petista e chamam de ladrão. Esses mesmos que mataram Getúlio Vargas. Esses mesmos que não queriam dar posse a Juscelino Kubitschek. Esses mesmos que trabalharam para João Goulart fosse deposto. Esses mesmos não aceitam que prefeituras progressistas governam esse País e nunca aceitaram as mudanças que foram feitas no Brasil”.
Lula lembrou que o seu governo e o da presidenta eleita Dilma Rousseff ampliaram o número de vagas para estudantes universitários.
“Tem gente que gostaria que nesta universidade não tivesse gente das camadas mais baixas. Tem gente que gostaria que esta universidade fosse uma confraria de fazendeiros. Todo mundo muito chique, muito lorde, muito refinado e muito viajado. Vocês têm que saber que lutar pela educação vale a pena”.
O escritor Raduan Nassar resumiu a motivação de ter doado o terreno para a criação de uma universidade pública: “O motivo principal foi uma escola pública. Isso encerra tudo o que tenho a dizer. Só vamos brigar muito para que ela continue com esse propósito, contra qualquer tentativa de privatização”.
Por Bruno Hoffmann, para a Agência PT de Notícias