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Efeito Lula: em resposta à demanda internacional, Embraer amplia produção

Além das linhas de jatos comerciais de pequeno e médio porte, sucesso de vendas, fabricante brasileira se insere em mercados de defesa aeroespacial. Escalada coincide com bom momento da indústria, que cresceu 8,4% em abril

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Case de sucesso: Em 2023, a Embraer contabilizou sua maior rentabilidade em cinco anos: R$ 26 bilhões

Por estar entre as 10 maiores fabricantes de aeronaves do mundo, a Embraer representa um dos mais estratégicos trunfos da indústria nacional. Em 2023, com a volta de Lula à presidência da República, a companhia contabilizou sua maior rentabilidade em cinco anos: R$ 26 bilhões. E as demandas não cessam de chegar. O titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB-SP), acaba de anunciar que a Mexicana de Aviación encomendou 20 jatos comerciais de última geração.

O negócio firmado com a empresa estatal do México prevê a entrega de aeronaves E190-E2 e E195-E2, sendo 10 de cada modelo. Os bimotores de alta performance e baixa emissão de carbono cobrirão rotas para os Estados Unidos, América do Sul, América Central e Caribe. O pacote vai custar à Mexicana de Aviación quase R$ 4 bilhões e o início da entrega dos aparelhos está previsto para o segundo trimestre de 2025.

Por meio do “X”, Alckmin comemorou a escalada na produção da fabricante brasileira. “A Embraer não para de abrir mercados em todos os cantos do planeta (…) Nossa indústria aeronáutica é altamente competitiva e uma inspiração para outros setores”, elogiou o vice-presidente.

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Com as demandas alargadas, a Embraer espera dobrar a atual produção até 2030, a fim de dar conta dos pedidos já recebidos. Muito embora seja internacionalmente reconhecida pela proeminência no ramo dos jatos comerciais de pequeno e médio porte, a empresa introduziu no mercado o bem sucedido KC-390 Millennium, avião militar que desperta interesse de quase duas dezenas de países. No momento, somente seis desses cargueiros são feitos, por ano, na fábrica de Gavião Peixoto, em São Paulo.

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KC-390 Millennium

A Arábia Saudita e a Índia estão em vias de adquirir o KC-390. A Embraer deve selar, em breve, acordo com os sauditas para a venda de 33 aeronaves. Há cerca de uma semana, Alckmin esteve em Riad para oferecer o Millennium ao governo do rei Mohammad bin Salman. Se fechar negócio, a companhia brasileira avalia, inclusive, instalar nova fábrica no país árabe visando o mercado do Oriente Médio.

No caso da Índia, o interesse é reforçar a defesa com 80 aviões. Em maio, na Embaixada do Brasil em Nova Delhi, a Embraer e a Mahindra Defense Systems assinaram memorando de entendimento para equipar a frota indiana de transporte militar com a aeronave fabricada em território brasileiro.

No continente europeu, o KC-390 faz sucesso na Hungria, que já pagou R$ 1,8 bilhão por dois aparelhos e aguarda a entrega de mais outros seis. A Força Aérea Portuguesa investiu € 827 milhões na aquisição de cinco dessas aeronaves. Os Ministérios da Defesa da Áustria e da Holanda decidiram comprar nove modelos. A República Tcheca, por sua vez, optou igualmente pelo avião da Embraer, por atender aos anseios dos militares tchecos.

Já a Coreia do Sul – primeiro cliente asiático da Embraer – anunciou que o Millennium venceu a concorrência para renovar a frota de aviação tática. O governo de Seul vai desembolsar R$ 2,7 bilhões por três KC-390, informou a imprensa local. O mercado sul-coreano é altamente competitivo. O país detém sofisticada indústria de defesa e fornece equipamentos até para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Por outro lado, quatro países da Otan operam, atualmente, o moderno cargueiro brasileiro.

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A Embraer ainda negocia a venda do KC-390 à Bolívia, aos Emirados Árabes Unidos, à Itália, à Polônia, à Ucrânia, à África do Sul, ao Egito e a Ruanda. Colômbia, Chile, Argentina e Suécia confirmaram interesse pela aeronave, mas não formalizaram acordos. Até hoje, somente Alemanha e Nova Zelândia desistiram das tratativas em torno do avião.

Desenvolvido e fabricado pela Embraer sob encomenda da Força Aérea Brasileira (FAB), o Millennium serve ao uso logístico e tático, ao reabastecimento aéreo e ao enfrentamento a incêndios florestais. Além do cargueiro militar, a fabricante brasileira também vai manufaturar os caças suecos Gripen para exportação.

“Gripen brasileiro”

A Saab inaugurou, na planta da Embraer em Gavião Peixoto, a primeira linha de montagem dos supersônicos Gripen fora da Suécia. A ideia da companhia escandinava é expandir as vendas a países da América Latina. A primeira aeronave produzida no Brasil está em fase de finalização, com previsão de entrega em 2025. Dos 36 exemplares comprados pela FAB, 15 serão feitos em São Paulo.

O intitulado “Gripen brasileiro” (F-39E, segundo designação da FAB) é fruto de parceria estratégica de mais de uma década entre a Saab e a Embraer. O pacto assinado pelos países garante transferência integral da tecnologia desenvolvida pela indústria aeroespacial sueca ao Brasil. Criada em 1937, antes da Segunda Guerra Mundial, a Saab ostenta quase 90 anos de conhecimentos acumulados no setor.

Mais de 350 engenheiros brasileiros viajaram à cidade de Linköping, sede da Saab, para receber treinamento especializado acerca dos pormenores do produto sueco. “Em julho, já teremos a segunda aeronave em montagem final e a terceira, em estrutural”, antecipou Julio Granzotto, supervisor da Embraer, ao jornal Folha de S.Paulo.

Na América do Sul, a fabricante sueca planeja vender o supersônico aos governos da Colômbia e do Peru, com quem mantém contato atualmente no continente. Fora Brasil e Suécia, são operadores do Gripen: a República Tcheca, a Tailândia, a Hungria, a África do Sul e o Reino Unido.

Gigante global

Com sede em São José dos Campos (SP), a Embraer foi fundada em 19 de agosto de 1969 pelo engenheiro aeronáutico Ozires Silva. Ao longo dos anos, ela se especializou na fabricação de aviões comerciais, executivos, militares e agrícolas. No mercado global, o conglomerado transnacional brasileiro é o terceiro maior produtor de jatos comerciais de pequeno porte e líder absoluto no segmento de até 130 assentos.

Em 2023, a Embraer passou a dominar o mercado norte-americano de aeronaves comerciais de pequeno porte. Ao preço de quase R$ 9 milhões, o modelo Phenom 300, com capacidade para até 10 passageiros, desbancou o Cessna Citation Excel, da Textron Company, líder de operações nos Estados Unidos pelos 15 anos anteriores.

Também no ano passado, a fabricante de São José dos Campos entregou, ao todo, 181 aviões civis, entre aeronaves comerciais e executivas, e dois militares, os KC-390.

Na Bolsa, o valor de mercado da companhia é recorde, ultrapassando R$ 28 bilhões. Com mais de 15 mil funcionários, a Embraer mantém escritórios, unidades industriais e centros de distribuição nas Américas, na Europa, na África e na Ásia.

Da Redação, com: MDIC, Embraer, Saab, Folha de S.Paulo, Valor , Poder360