O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta segunda-feira (10), em Belo Horizonte (MG), a segunda etapa do “Memorial da Democracia“, um museu digital e totalmente interativo que conta a história de brasileiros que lutaram pela democracia.
Lula foi recebido na capital mineira por mais de 1,5 mil pessoas que lotaram o teatro principal do Palácio das Artes pedindo a volta do ex-presidente.
Em seu discurso, Lula garantiu que quer fazer ainda mais pelas pessoas, principalmente pelos trabalhadores e trabalhadoras pobres desse país. “Tenho consciência de que é possível ajudar os pobres. Não vou voltar para fazer o mesmo, vou voltar para fazer mais e melhor”.
Lula falou sobre a importância da democracia e sobre como o discurso de ódio disseminado pelos meios de comunicação que dividiram o país a partir de 2013, culminando no golpe de estado.
De acordo com o ex-presidente, o ódio ao PT, ao contrário do que ele pensava, não era apenas contra um ex-presidente metalúrgico, mas sim um ódio ideológico. O plano dos golpistas é, como disse o ex-presidente, isolar o Brasil dos países de esquerda e coloca-lo a mercê do imperialismo.
Para ele, construir uma democracia plena no Brasil é uma etapa que ainda está longe de ser alcançada. “Democracia não é casa grande para um lado e senzala para o outro. É direitos iguais para todas as pessoas”.
Lula ressaltou que apenas através da educação o Brasil pode crescer rumo a uma democracia que não seja excludente. “Espero que retomemos a democracia no Brasil para podermos investir mais em pesquisa e ensino básico”. Ele citou parte do projeto do ” Memorial da Democracia“, feito em parceria com o grupo República da UFMG, que pretende estender o projeto para as salas de aula e criar guias para professores e alunos.
“Um povo que não conhece sua história e seu passado não terá a chance de construir um futuro melhor”, afirmou.
Ele citou como exemplo da busca pela democracia a criação da Secretaria Nacional LGBT do PT. “Democracia é para as pessoas serem felizes. É por isso que o PT aprovou a secretaria LGBT”.
Quanto ao golpe de 2016, ele alertou os presentes: “Estamos há um ano pedindo o Fora Temer e só agora a Rede Globo quer que ele saia. E eu me pergunto: será que é pelo mesmo motivo que nós queremos? Eu quero derrubar o Temer porque quero reconquistar a democracia para que o povo tenha direito de eleger o presidente da República. Porque sou contra as reformas que eles estão fazendo. Não podemos jogar a crise econômica em cima do aposentado, do pescador. […] Nós vendemos a alma ao diabo com o golpe e agora estamos vendendo a Amazônia, que daqui a pouco vamos precisar de passaporte para entrar!”.
Lula estava acompanhado do governador de Minas, Fernando Pimentel, do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, do coordenador do Memorial, Franklin Martins, da secretária de Estado da Educação, Macaé Evaristo, do presidente da Assembleia, Adalclever Lopes, de representantes da CUT, MST, movimentos sociais, da presidenta da UNE, Marianna Dias, Luiz Dulci, reitores de universidades e institutos federais.
Em seu discurso, o governador Fernando Pimentel contou que tem ouvido em suas viagens pelo interior de Minas a população pedindo a volta de Lula para a Presidência da República.
“Minas Gerais é o seu território, é a sua casa. Aqui o senhor é nosso amigo, nosso companheiro, nosso irmão. Aqui o senhor sempre será recebido de braços abertos. Tenho percorrido esse estado nos Fóruns Regionais de governo e em todo lugar que eu vou só escuto uma frase: em 2018 é Lula de novo com a força do povo”, disse o governador.
A secretária de estado da Educação, Macaé Evaristo, usou seu discurso também para ressaltar a importância da educação no fortalecimento da democracia e na liberdade individual das pessoas. Além de falar sobre o caráter autoritário do golpe, ela falou sobre o avanço do conservadorismo na educação brasileira, citando o programa “Escola sem Partido”. “Os ventos autoritários que tomaram nosso país vão passar e apenas com o conhecimento e a retomada da democracia vamos nos libertar”.
Memorial da Democracia
O ex-presidente contou que a ideia de um museu digital surgiu quando deixou a Presidência da República, ao enxergar uma demanda latente: a busca pela história real do Brasil, longe da ficção dos cadernos de história e da narrativa parcial da imprensa. “A única coisa que jamais poderão impedir é do povo conhecer a história de transformação dos nossos mandatos”.
O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto falou sobre o orgulho que tem de lançar a segunda fase do “Memorial da Democracia”. Ele aproveitou para homenagear a Dona Marisa, esposa falecida do ex-presidente e uma das principais apoiadoras do projeto.
“Tenho muito orgulho de vir aqui lançar esse projeto e preciso falar em memória da Dona Marisa, grande entusiasta do nosso projeto que projeto procura resgatar a história do nosso Brasil contada sob a visão dos trabalhadores e trabalhadoras”, declarou Okamoto.
Franklin Martins fez uma exposição e simulou um tour virtual que mostrou a riqueza do acervo do projeto que nessa segunda etapa traz arquivos de 1930, na era Vargas, a 1964, quando o Brasil mergulha na ditadura militar. “É um museu que vai até você e possui uma enorme quantidade de material. Todo o museu pode ser navegado através de duas ferramentas. A linha do tempo, onde temos cards e o internauta escolhe o que quer pesquisar, e os extras, que aprofundam esses assuntos”.
Ele também falou sobre o caráter colaborativo do museu, já que internautas podem fazer críticas e comentários sobre os arquivos, ajudando na qualificação do projeto.
Por Ana Flávia Gussen da Agência PT de Notícias