Partido dos Trabalhadores

Em cenário de retrocessos, mulheres vão às ruas lutar por direitos

Fim da violência contra mulher, combate a Bolsonaro e sua reforma da Previdência, Marielle vive e Lula livre foram os principais temas do ato realizado em São Paulo

Agência PT

Ato 8 de março SP

08 de março de 2019. Em todo país, milhares de brasileiras ocuparam as ruas para reivindicar direitos fundamentais e igualdade. No mesmo dia, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, criticou os movimentos sociais que historicamente têm lutado por paridade entre os gêneros: “Enquanto os nossos meninos acharem que menino é igual menina – como se pregou no passado, algumas ideologias – já que é igual, ela aguenta apanhar”.

Ainda no dia de luta das mulheres, Jair Bolsonaro foi a público minimizar o baixo número de mulheres em seus ministérios. Damares Alves e Tereza Cristina (Agricultura) são as únicas ministras entre as 22 pastas definidas pela reforma ministerial anunciada no início deste ano.

As declarações de Damares e Bolsonaro são mais uma prova de que o cenário é de retrocessos para as mulheres e é preciso continuar lutando para garantir direitos conquistados.

Foi o que analisou a ex-ministra Eleonora Menicucci, que esteve à frente da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres no Governo Dilma Rousseff. Ela esteve no ato realizado em São Paulo nesta sexta-feira (08) e avaliou que em dois meses Jair Bolsonaro já deu início à implementação de um “projeto neoliberal contra mulheres, negros e população LGBTI”.

Para a ex-ministra, o governo Bolsonaro é ilegítimo por ter sido eleito com base em “fake news, mentiras e retirada do ex-presidente Lula da corrida porque ele ganharia” e por isso agora é fundamental estar nas ruas. “As mulheres são mais de 52% da população e são mães da outra metade. Temos que mostrar quem nós somos, pois seremos e fomos as mais prejudicadas com esse desmonte do bem estar social que nós implementamos ao longo de treze anos”, destacou.

O ato realizado em São Paulo teve início por volta das 16h, quando as mulheres começaram a se reunir no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand). Em seguida, milhares de pessoas fecharam a avenida Paulista e seguiram  até a praça Roosevelt, passando pela rua Augusta.

Os gritos contra Bolsonaro deram o tom do protesto das mulheres por meio de palavras de ordem como “Ô Bolsonaro, seu fascistinha, a mulherada vai botar você na linha”.  A onda de violência contra mulher que marcou os primeiros dias do ano também foi lembrada pelas mulheres assim como o crime que tirou a vida de Marielle Franco e, quase um ano depois continua sem respostas.

Reforma da Previdência de Bolsonaro é alvo de protestos

No decorrer do protesto, eram frequentes os gritos contra Bolsonaro e a reforma da Previdência, que as mulheres presentes no ato pontuaram como mais prejudicial para o gênero feminino por aumentar o tempo mínimo de contribuição ignorando a jornada do trabalho doméstico e cuidado com familiares. Dados do IBGE divulgados em 2017 mostram que, em casa, as mulheres trabalham dez horas a mais que os homens por semana. Os números foram compilados pela pesquisa Retratos das Desigualdades, realizada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e são os mais recentes sobre o tema.

Para  Rosana Aparecida da Silva, também presente no ato de São Paulo, a proposta de reforma da Previdência apresentada por Bolsonaro é mais uma prova que esse governo “não respeita as mulheres”. E destaca que todas elas, mulheres do campo, domésticas, trabalhadoras formais e informais serão prejudicadas caso as mudanças na aposentadoria sejam aprovadas. Ela, que é mulher negra afirma: “não vê a nossa terceira e quarta jornadas de trabalho. É uma reforma do tempo da escravidão, uma reforma escravocrata”.

Homenagem a Marielle Franco

Marielle Franco também foi um dos principais temas do 08 de março este ano. A vereadora eleita pelo PSOL do Rio de Janeiro foi brutalmente assassinada em 14 de março de 2018. Quase um ano depois, as perguntas “quem matou Marielle?” e “quem mandou matar Marielle?” continuam sem respostas e foram lembradas pelas milhares de mulheres que ocuparam a Paulista nesta sexta-feira.

Em diversos momentos do ato, o grito “Marielle, presente” foi bradado pelas mulheres nas ruas em um pedido de justiça para a vereadora. Neide Maria do Carmo, que também esteve presente no 8 de março da capital paulistana, destaca que “esse é o momento de mostrar que somos resistência, somos mulheres somos Marias, somos Marielles”.

Ato 8 de março em SP

 

Da redação da Agência PT