Pouco menos de dois anos após a tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro, que contou com a depredação das sedes dos Três Poderes por uma turba de bolsonaristas, um novo atentado contra a democracia ocorreu na noite de quarta-feira (13), também em Brasília. Com o objetivo de atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e assassinar o ministro Alexandre de Moraes, Francisco Wanderley Luiz, seguidor de Jair Bolsonaro e de seu discurso de ódio, lançou uma bomba contra o prédio da Corte e cometeu um atentado suicida detonando explosivos presos ao próprio corpo. O episódio ocorreu por volta das 19h30.
Momentos antes, o homem, de 59 anos, detonou também o próprio carro, estacionado a 300 metros da Esplanada dos Ministérios. Ele era filiado ao PL, partido de Bolsonaro, e destilava seu ódio por meio das redes sociais, em mensagens que incluem convocações para um golpe de Estado.
Esse novo atentado, com grande repercussão nacional e internacional, sinaliza que articulações golpistas do bolsonarismo ainda estão em curso, oferecendo sérios riscos à população, enquanto seus líderes ainda gozam de total impunidade, principalmente Jair Bolsonaro.
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Moraes rejeita anistia
Em Brasília, os poderes constituídos prometeram reação firme ao atentado. O ministro do STF Alexandre de Moraes conectou, imediatamente, o homem-bomba ao famigerado “gabinete do ódio”, que espalhou sectarismo com a anuência e a proteção do governo Bolsonaro.
Em coletiva à imprensa, Moraes descartou anistia para os envolvidos no 8 de janeiro, sob o argumento de que “o contexto se iniciou lá atrás, quando o ‘gabinete do ódio’ começou a destilar discurso de ódio contra as instituições, contra o STF, principalmente contra a autonomia do Judiciário”.
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O presidente do STF, Luís Roberto Barroso já havia antecipado a alta probabilidade de o caso das explosões de quarta à noite ser anexado ao processo que apura a tentativa de golpe, sob a responsabilidade de Moraes. Nesta quinta (14), Barroso designou o colega como relator do novo inquérito.
Segundo indicou o advogado-geral da União, Jorge Messias, “a Polícia Federal investigará com rigor e celeridade as explosões no perímetro da praça dos Três Poderes”. “Precisamos saber a motivação dos ataques, bem como restabelecer a paz e a segurança o mais rapidamente possível”, pediu.
Repercussão internacional
A imprensa internacional repercutiu o terrorismo na Praça dos Três Poderes, coração político do Brasil, às vésperas da Cúpula do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo. O evento, previsto para 18 e 19 de novembro, vai reunir 40 chefes de Estado na cidade do Rio de Janeiro. O jornal estadunidense The New York Times, o britânico The Guardian e o espanhol El País relacionaram o ataque à bomba contra o STF ao golpismo de 8 de janeiro.
Perfil do homem-bomba bolsonarista
Natural de Rio do Sul, Santa Catarina, Wanderley era chaveiro e havia se mudado para a capital depois de ter encerrado o casamento. Foi quando começou a arquitetar o atentado, suspeita-se, a partir de visitas às sedes do Legislativo e do Judiciário. Em entrevista à GloboNews, a ex-esposa do suicida revelou o desejo dele de “matar Alexandre de Moraes”. “E quem tivesse perto naquela hora”, acrescentou a mulher, identificada como Daiane.
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Nas redes sociais, o homem-bomba mantinha posições políticas alinhadas à extrema direita, sempre permeadas, como manda o script, por inclinações de cunho religioso. Era seguidor do teórico reacionário Olavo de Carvalho e de páginas como “Brasil Paralelo”, “Gabinete do Ódio Bolsonaro”, “Terça livre – Cursos”, entre outras. Em 2020, chegou a se candidatar a vereador em Rio do Sul pelo PL, partido de Bolsonaro, mas sem sucesso.
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Da Redação