As Secretarias Estadual e Municipal de Mulheres do PT de São Paulo realizaram uma roda de conversa com a senadora do Partido Fuerza Alternativa Revolucionaria del Común (FARC) da Colômbia, Sandra Ramírez, nesta quinta-feira (25). Ela contou um pouco de sua experiência como guerrilheira no país.
Sandra ingressou na guerrilha aos 17 anos, e permaneceu na luta por 37 anos. Durante a resistência, ela se formou enfermeira. Membro de uma família de pequenos agricultores, trabalhou desde criança em plantações de cana, café e cacau. Em 2015 fez parte da Equipe de Negociação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) nos Diálogos de Havana da Cúpula pela Paz na Colômbia.
A senadora explicou que a guerrilha foi a maior experiência da sua vida, pois permitiu que ela pudesse ser o que sempre sonhou: uma mulher independente. “A guerrilha estava repleta de diversidade, a experiência de sermos guerrilheiros era o que nos unia. Não permitíamos ter preconceito com uma mulher, nem com um companheiro ou companheira pela cor, na guerrilha éramos todos guerrilheiros”.
O acordo de paz foi implantado na Colômbia em 2016, permitiu que se criassem oportunidades para o desenvolvimento do campo sem drogas, e mecanismos para que a população pudesse ter mais oportunidades. Também foi possível que as FARC continuassem a sua luta como um partido político.
“Quem dera a Colômbia tivesse um presidente como Lula”
Sandra contou ainda que fugiu de casa para se juntar a luta, pois tinha como objetivo tornar a Colômbia um país melhor para o povo. “Nossa luta sempre foi para tornar a Colômbia um lugar melhor, foi muito difícil chegar onde chegamos e sei que ainda há muito o que fazer, por isso hoje sou senadora. Quem dera a Colômbia tivesse um presidente como Lula foi para o Brasil, por isso eu busco a solidariedade do povo brasileiro pela paz na Colômbia”.
Ela falou também sobre o papel do feminismo dentro da guerrilha. “Nós mulheres guerrilheiras vivemos o feminismo sem pensa-lo, nós vivemos na pratica. Nós ocupamos esse espaço que também é nosso. O feminismo que não passa pela luta de classe se perde, eu como mulher não valho nada se não houver um coletivo de mulheres ao meu lado”.
A senadora explicou que a luta por uma Colômbia melhor sempre foi muito árdua mas que não se arrepende de nenhum momento porque considera tudo que foi conquistado uma grande vitória, e que continuará buscando meios para o povo colombiano alcançar a paz. “Se me perguntassem se eu pudesse voltar no tempo o que eu seria, eu responderia: guerrilheira”, finalizou.
Por Jéssica Rodrigues, para a Secretaria Nacional de Mulheres do PT