É preciso reconhecer que um encontro entre um biógrafo, um escritor e um líder popular mantido em cárcere político por um crime que jamais cometeu dificilmente aconteceria por acaso. É preciso admitir também que somente alguém da grandeza de Luiz Inácio Lula da Silva motivaria a visita de nomes de peso da cultura nacional como o do biógrafo Fernando Morais e do escritor Raduan Nassar.
Ambos já haviam se encontrado com o ex-presidente no injusto cárcere, mas separadamente. Nesta quinta (8), no entanto, entraram juntos na sede da Polícia Federal com uma missão ainda maior: entregar a Lula a carta de representantes da Associação de Juízes para Democracia (AJD) em defesa de sua libertação imediata e pelo restabelecimento da democracia brasileira.
Com a verve literária que o consagrou, Morais filosofa sobre a tarefa recebida dos juízes e desembargadores que assinam o documento – escrito antes da tentativa intimidatória de transferir Lula de Curitiba para São Paulo. “Lula se emocionou muito com a carta. Nietzsche e Paulo Coelho diziam que não há coincidências. Não por acaso esta carta foi entregue por mim e pelo Raduan no dia seguinte de uma nova violência contra o Lula (…) Cumprimos com muita honra e alegria a tarefa que vocês (juristas e desembargadores) nos deram”, explica o biógrafo, cujo próximo livro será justamente sobre as duas prisões políticas de Lula em 1980 e a que está em curso.
Conhecido pela fala concisa a franca, Raduan foi direto ao ponto: “Eu encontrei o presidente extraordinariamente decidido a lutar pela soberania do Brasil. Lula livre o mais rápido possível! Lula é um presidente preso politicamente e isso é insuportável para todos nós”.
A luta por soberania nacional, por sinal, é dos mais ávidos desejos de Lula e tem o apoio incondicional de Fernando Morais. “O Raduan sintetizou muito bem aquilo que o presidente deseja que seja a palavra de ordem de todos os democratas brasileiros: lutar com todos os meios possíveis pela defesa da soberania nacional, seja material, seja do pré-sal, seja da Embraer, seja humanística”, reitera o escritor, para quem o apoio dos juristas é a mais perfeita” tradução para o Brasil de que há juízes e juízes”.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias