Em meio a uma crise internacional gerada pelo conflito na Ucrânia, cujas proporções são ainda imensuráveis – como o risco de o barril de petróleo chegar a US$ 200 – o entreguismo inescrupuloso do governo Bolsonaro segue provocando efeitos nefastos na vida do povo brasileiro. Levantamento do Observatório Social da Petrobras (OSP), ligado à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), revela que a gasolina na Refinaria de Mataripe, anteriormente conhecida como Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, custa cerca de 27,4% a mais do que a vendida pela Petrobras. Um exemplo cristalino de que as privatizações de Bolsonaro e Paulo Guedes são nocivas ao país e só favorecem acionistas estrangeiros, que lucram bilhões às custas das riquezas brasileiras.
“Nós avisamos”, denunciou a Federação Única dos Petroleiros (FUP), na manhã desta quarta-feira, pelo Twitter. “A privatização das refinarias cria monopólios regionais e aumenta os preços”, advertiu a entidade. “A sanha entreguista do governo está desmontando o sistema Petrobrás e quem paga a conta é o povo”.
O valor do óleo diesel na refinaria privatizada no final do ano passado, segundo a OSP, é ainda maior, passando de 28% acima do indicado pela empresa. “Chegamos a um momento em que a população deve decidir se seguiremos com a agenda privatista ou se manteremos os ativos estatais da Petrobras”, alertou o economista do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), Eric Dantas, ao jornal Estado de S. Paulo.
“Se o processo de privatização do parque de refino da companhia continuar, isso que está acontecendo na Bahia se ampliará para o restante do Brasil”, apontou o economista.
Ao diário paulistano, Dantas forneceu outra informação preciosa, especialmente no âmbito do debate sobre o fim da paridade internacional dos preços dos combustíveis. De acordo com o economista, a alta do preço da gasolina na Mataripe, que foi vendida ao fundo árabe Mubadala, é estrutural, resultado direto do processo de privatização, e não consequência apenas do conflito.
Petrobras pode conter aumentos
Ainda segundo o economista, “a Petrobras pode sim segurar os preços localmente sem que haja prejuízos contábeis. O último resultado, com lucro líquido de R$ 106 bilhões e distribuição de dividendos de R$ 100 bilhões, mostra o quanto de gordura a empresa tem para queimar”.
A avaliação é compartilhada pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), relator de dois projetos no Congresso para baixar os preços dos combustíveis e um dos maiores críticos do entreguismo do ocupante do Planalto. “É impressionante como este governo é incompetente e irresponsável”, definiu Prates. “Há anos, o PT denuncia a paridade de importação como culpada pelos altos preços pagos pela população no gás de cozinha e nos combustíveis”, lembrou o senador.
Autossuficiência e dolarização
“O governo esperou o stress máximo de uma guerra global para reconhecer finalmente que estava escorchando os brasileiros com preços de combustíveis que anulam a autossuficiência e a produção brasileira”, disse Prates, referindo-se às recentes declarações de Bolsonaro sobre a dolarização dos combustíveis, política mantida pelo governo desde o golpe de 2016.
“O Governo Bolsonaro lucrou enormemente com o preço dos combustíveis altos e dolarizados”, comentou o senador. “E ainda recebeu dividendos recordes, de uma Petrobras que só lucrou em cima do sacrifício dos consumidores e do frete nacional. Bolsonaro quer enganar o povo brasileiro com esse falso arrependimento achando que, se vencer as eleições, vai voltar a lucrar e fazer seus poucos amigos mais felizes e ainda mais ricos”, advertiu.
Da Redação, com Revista Fórum e Estado de S. Paulo