Partido dos Trabalhadores

Farra rentista: em março, setor público gastou R$ 64,1 bi em juros da dívida

Graças aos juros altos do BC, verbas que poderiam ir para investimentos e políticas públicas são drenadas para os lucros das camadas mais abastadas do país

Site do PT

Política monetária do BC amplia a concentração de renda e aumenta as desigualdades no país

O Brasil se mantém como um país onde recursos que poderiam ser aplicados em investimentos e políticas públicas voltadas à melhoria das condições de vida da população são drenados para especulação financeira, multiplicando os lucros dos rentistas.

Em março, o setor público consolidado (União, estados/municípios e estatais) gastou R$ 64,158 bilhões só com o pagamento de juros da dívida pública, após essa rubrica ter encerrado fevereiro com uma despesa de R$ 65,166 bilhões, informou o Banco Central (BC).

Conforme o BC, o gasto do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) no mês foi de R$ 55,230 bilhões. Os governos regionais registraram gastos de R$ 8,473 bilhões, e as empresas estatais, de R$ 455 milhões.

No ano até março, a despesa acumulada do setor público com juros foi de R$ 209,239 bilhões, ou 7,60% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 12 meses, o resultado é de R$ 745,743 bilhões, o que representa 6,76% do PIB no período.

Rentistas agradecem

Os lucros exorbitantes dos especuladores são garantidos pelos altos patamares da taxa básica de juros (Selic), definidos pelo Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto.

Os rentistas multiplicam seus ganhos com a negociação de títulos da dívida pública – papéis que o governo, para se manter funcionando, vende no mercado financeiro em troca do compromisso de devolver o dinheiro lá na frente ao comprador e de pagar um adicional sobre o valor original da venda. A Selic é a principal referência usada para remunerar compradores de títulos.

Nesse cenário, o que se vê é uma robusta transferência de recursos públicos para as camadas mais abastadas da sociedade, em detrimento das políticas voltadas aos demais brasileiros, o que reforça a concentração de renda e torna o país ainda mais desigual.

BC sabotador

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (8), desacelerar ainda mais o ritmo de queda da Selic, aplicando uma redução de 0,25 ponto percentual – desde agosto do ano passado, a diminuição vinha sendo de 0,50 p.p. a cada reunião do Copom. Agora, a taxa está em 10,50% ao ano, o que continuará sufocando a capacidade de investimentos tanto do setor público quanto do privado e também dificultando a vida dos consumidores.

Nas últimas semanas, em uma flagrante sabotagem contra o país, Campos Neto tem falado publicamente o absurdo de que está preocupado com o aumento do emprego e da renda no Brasil. Segundo o bolsonarista, isso pode provocar uma alta da inflação.

Para a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), por trás dessas declarações está o interesse de Campos em arrumar uma justificativa para manter a Selic em patamares escorchantes, embora a inflação esteja totalmente sob controle.

Com o mesmo objetivo, Campos Neto também tem feito questionamentos públicos sobre o compromisso fiscal do governo Lula, da mesma forma que seus parceiros do mercado financeiro. Nesta semana, foi a vez do diretor de investimentos da Verde Assef, Luis Stuhlberger.

Toda a gritaria do mercado sobre necessária revisão da meta fiscal, engrossada pelo diretor de investimentos da Verde Asset, visa a criar clima para o Copom reverter o movimento de queda da taxa Selic na reunião de hoje”, disse Gleisi, nas redes sociais.

“Nunca pareceu tão evidente a contradição entre as necessidades do país e os interesses dessa gente. E foi Campos Neto, o presidente Banco Central, quem insuflou essa onda. Quer aproveitar seus últimos meses de mandato para concluir sua obra de sabotagem ao Brasil e ao governo Lula”, acrescentou.

A Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, em nota divulgada na segunda-feira (6) para expressar solidariedade à população do Rio Grande do Sul, afetada pelas enchentes, afirma que, diante dessa tragédia e suas consequências, é imperativo que o Banco Central acelere o ritmo de redução da taxa Selic para “patamares compatíveis com situação real da economia do país, que continua sendo fortemente prejudicada, inclusive no aspecto fiscal, pela maior taxa de juros do planeta”.

Da Redação