Não param de surgir provas de que Jair Bolsonaro e seus aliados planejaram um golpe de Estado que resultou no ataque à sede dos Três Poderes em 8 de janeiro. As mais recentes estão em uma matéria publicada nesta quarta-feira (7) pelo jornal O Globo.
A reportagem revela que a Polícia Federal encontrou a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e o planejamento de um golpe no celular do coronel Mauro Cid, o faz-tudo de Bolsonaro preso por fraudar cartões de vacinação para ele mesmo e o ex-chefe.
A GLO, vale lembrar, é uma operação das Forças Armadas convocada pelo presidente em caso de perturbação da ordem pública. E como se viu após a derrota de Bolsonaro nas eleições, seus apoiadores iniciaram uma série de ações que visavam justamente criar o caos no país.
Para isso, além de acampar em frente a quartéis pedindo intervenção militar, eles bloquearam estradas, tentaram impedir a saída de caminhões de refinarias para provocar desabastecimento de combustível e derrubaram torres de energia. Nessas ações, eram comuns os apelos pela convocação da GLO (leia aqui sobre as narrativas que levaram ao 8 de janeiro).
Agora, sabe-se que um modelo de GLO estava prontinho no celular do ajudante de ordens de Bolsonaro. E mais: além dessa minuta, havia também documentos com o objetivo de dar suporte jurídico a um golpe de Estado.
Rogério Correia: o cerco se fecha
Para o deputado Rogério Correia (PT-MG), membro da CPMI do Golpe, as novas revelações, somadas ao que já se sabia, deixam claro que Bolsonaro participou do planejamento de um golpe. “Isso fecha o cerco”, disse o parlamentar em entrevista ao Jornal PT Brasil (veja abaixo).
“Se fizermos toda a ligação, (vemos que) Bolsonaro perde as eleições, se resguarda e vai arquitetar o golpe. Ele dá sinais de que o golpe estava em andamento e pede ao (candidato a vice) Braga Netto dizer no cercadinho que esperassem, porque tinha coisas novas para acontecer”, lembrou.
Segundo Correia, ao agir assim, Bolsonaro e Braga Netto mantiveram a mobilização golpista. “Ele dá a senha: ‘Esperem, tem coisas novas, não se desmobilizem, continuem se mobilizando’, ou seja, ‘estamos preparando o golpe, fiquem aí que vocês vão ser úteis na hora necessária’. O 8 de janeiro foi o resultado de toda essa trama”, afirmou.
Como as novas provas foram descobertas
As provas foram encontradas no celular do coronel Mauro Cid depois que ele foi preso na investigação sobre fraudes no cartão de vacinação. Segundo O Globo, Cid depôs na sede da PF em Brasília na terça-feira (6) justamente sobre esse novo conjunto de provas.
O depoimento foi autorizado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, que, no despacho, afirmou que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado”.
Segundo o jornal, Mauro Cid ficou calado durante o depoimento.
Essas não são as primeiras evidências que vêm a público sobre um golpe tramado dentro do Palácio do Planalto no governo Bolsonaro. Também no celular de Cid foram achadas conversas em que o coronel discutia o passo a passo de um golpe com um amigo (Ailton Barros) e dois assessores (Mauro Cid e Élcio Franco) de Bolsonaro.
Da Redação