Bolsonaro é alvo da PF por associação criminosa e fraude na pandemia

Polícia Federal cumpre mandado de busca e apreensão na casa de Bolsonaro e prende ex-assessores dele. Suspeita é de falsificação de cartão de vacinação para viajar aos EUA sem estar imunizado

Reprodução/Redes Sociais

Descaso com a ciência e a vida: em plena pandemia, Bolsonaro provoca aglomeração e retira máscara de criança

A casa de Jair Bolsonaro em Brasília foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (3). A PF também visitou outros 15 endereços e prendeu preventivamente o braço-direito de Bolsonaro, o tentente-coronel Mauro Cid Barbosa, e outras cinco pessoas ligadas ao ex-presidente (veja lista abaixo).

A ação faz parte de uma operação que investiga, segundo a PF, “associação criminosa constituída para a prática dos crimes de inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde”.

Embora não esteja entre os presos, Bolsonaro foi chamado para prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília, mas se recusou. O celular dele foi apreendido.

“Dia quente logo cedo em Brasília. PF faz buscas na casa de Bolsonaro e prende ex-ajudante Mauro Cid. Operação investiga fraude em cartões de vacinação e rede de dados em saúde de Bolsonaro, familiares e outros para emitir certificados falsos”, escreveu no Twitter a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

Já o senador Humberto Costa (PT-PE) ironizou o fato de Bolsonaro ter se recusado, ao menos a princípio, a fornecer as senhas do celular apreendido: “Já diz o ditado: quem não deve não teme…”. E chamou a atenção para o fato de um dos investigados ser o ex-vereador carioca Marcello Siciliano (PP), implicado também no assassinato de Marielle Franco.

Lista de pessoas presas:

– Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
– Max Guilherme, ex-policial militar e ex-assessor especial de Bolsonaro
– Sérgio Cordeiro, ex-assessor e segurança de Bolsonaro
– João Carlos de Sousa Brecha, secretário de Governo de Duque de Caxias (RJ)
– Luís Marcos dos Reis
– Ailton Gonçalves Mareas Barros

Sigilo de 100 anos

Batizada de Venire, a operação faz parte da investigação sobre “milícias digitais” que tramita no Supremo Tribunal Federal. Além de autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, a ação conta com o respaldo da Procuradoria-Geral da República (PGR), que informou se tratar de uma decisão “correta” do ponto de vista legal, segundo a Folha de S. Paulo. 

De acordo com a PF, a suspeita é que informações mentirosas foram inseridas no banco de dados do Ministério da Saúde para permitir a emissão de cartões de vacinação falsos para Bolsonaro e outras pessoas, incluindo a filha dele, Laura, de 12 anos, e Mauro Cid.

Dessa forma, teria sido possível emitir certificados de vacinação fraudulentos e burlar restrições sanitárias impostas pelo Brasil e pelos Estados Unidos em meio à pandemia. Ou seja, Bolsonaro teria, segundo a suspeita da PF, fraudado documentos para não ter problemas ao viajar para o exterior.

Depois, ele ainda tentou esconder a história decretando sigilo de 100 anos sobre seu cartão de vacinação. Mas o segredo acabou derrubado este ano pela Controladoria-Geral da União (CGU).

A fraude ocorreu em dezembro de 2022, pouco antes de Bolsonaro viajar para os Estados Unidos. Segundo a PF informou à Folha de S. Paulo, não há como ele não saber do crime. “Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento”, informou a corporação ao jornal.

Associação criminosa

Os crimes que o grupo investigado pode ter cometido são: infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores. 

“Tudo isso durante a pandemia, enquanto o Brasil enfrentava a maior crise sanitária da sua história”, lembrou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. “Qualquer ação criminosa que visa atacar o Plano Nacional de Imunização deve ser apurada e punida pela Justiça brasileira”, completou.

O secretário nacional de Comunicação do PT, deputado federal Jilmar Tatto (SP), lembrou que, se comprovado, este é apenas um dos crimes praticados na pandemia de Covid-19 por Bolsonaro, que sempre sabotou a vacinação.

“Não podemos esquecer que, desde o início da pandemia, Bolsonaro escondeu dados sobre a real situação, obrigando a imprensa a fazer um consórcio para buscar informações sobre infectados e óbitos. É preciso ter rigor para investigar essa fraude e punir eventuais culpados”, declarou.

LEIA MAIS: Série Réu Confesso listou crimes de Bolsonaro na pandemia

Realizada em 2022, a CPI da Covid, no Senado, pediu o indiciamento de Bolsonaro por 12 crimes ao todo, incluindo crimes contra a humanidade, epidemia com resultado de morte, incitação ao crime, charlatanismo, prevaricação.

Outro dos crimes apontados pela Comissão Parlamentar de Inquérito era justamente o de falsificação de documento particular.

Da Redação

Tópicos:

LEIA TAMBÉM:

Mais notícias

PT Cast