O 1º de Maio deste ano será celebrado em meio a maior crise da economia mundial, com repercussão dramática sobre a vida dos trabalhadores. Nesta quinta-feira (30), os jornais norte-americanos informam que a taxa de desemprego nos Estados Unidos atingiu 30 milhões de trabalhadores. No Brasil, também hoje, o IBGE divulgou que o desemprego chegou a 12,2% no primeiro trimestre de 2020. São 12,9 milhões de desempregados, com mais de 50% da população na informalidade.
Identificando a existência de cerca de 1,5 bilhão de desempregados, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta que o mundo se encontra à beira de um “desastre humanitário” sem precedentes. Insensíveis à gravidade da crise, autoridades e grandes empresários forçam a manutenção da produção, expondo os trabalhadores à contaminação e à morte. Em outro extremo, profissionais da saúde dão exemplos de heroísmo no front da batalha contra a pandemia.
No Brasil, Bolsonaro ataca o isolamento social e insiste em repetir as tragédias vividas pelos trabalhadores em Bergamo, na Itália. Nas ruas, seu pequeno exército de negacionistas promove carreatas pela abertura do comércio, sem segurança para os trabalhadores. Em nível mundial, já são cerca 3,18 milhões de infectados e cerca de 230 mil mortos, em boa parte fruto da ganância de empresários e da irresponsabilidade das autoridades.
União para evitar tragédia
As crises, no entanto, estimulam os trabalhadores à luta por seus direitos de classe e engendram alternativas políticas para os países. No Brasil, o afastamento de Bolsonaro mobilizará uma ampla frente sindical, social e política para defender a vida, a solidariedade, os empregos e a soberania. O evento virtual, a partir das 10 horas, reunirá as centrais sindicais com a participação de Lula, Dilma Roussef, Fernando Haddad, da presidenta Gleisi Hoffmann (PT-PR) e lideranças de outras forças políticas.
A manifestação também terá participação de representantes de centrais sindicais e de artistas de países como Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia e Cuba, da América Latina. E ainda África do Sul, Marrocos, Coreia do Sul, Filipinas, Rússia, Reino Unido, Bélgica, França, Espanha e Itália. O músico Roger Waters, ex-integrante do grupo Pink Floyd, também gravou um vídeo especial para o evento.
Enfrentar o sistema financeiro
O cenário sombrio é resultado da ofensiva do capital e do sistema financeiro contra a produção e o trabalho, em escala mundial. Nos últimos anos, “os trabalhadores foram alvos de medidas para reduzir direitos, enfraquecer os sindicatos, intensificar a exploração do trabalho, precarizar as relações de trabalho e reduzir a proteção social”, denuncia Sérgio Nobre, presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Para o presidente da CUT, exemplo da ação contra os trabalhadores é “o golpe que destituiu a presidenta Dilma e colocou o poder nas mãos de uma coligação de forças políticas hegemonizadas pelo capital financeiro, subordinadas ao interesse das empresas multinacionais”. As reformas trabalhistas e previdenciárias, implementadas nos governos Temer e Bolsonaro estão entre os principais crimes cometidos contra os trabalhadores nesse período.
Em dezembro de 2014, a taxa de desemprego anual no país atingia a menor média da história – 4,8%, segundo o IBGE. Os governos petistas também garantiram reajustes para o Salário Mínimo além da inflação.