Dez meses após o início da tramitação do processo no Conselho de Ética, a Câmara dos Deputados decidiu pela cassação do deputado e ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na noite desta segunda-feira (12), com a presença registrada de 469 deputados. Foram 450 votos pela cassação do deputado, 10 contra e 9 abstenções. Com o resultado, o peemedebista perde o mandato de deputado federal e fica inelegível até 2026.
O golpista, responsável pela aprovação do processo de impeachment na Casa estava sendo acusado de possuir contas bancárias secretas no exterior e de ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras no ano passado.
Cunha estava afastado das funções de deputado federal desde maio deste ano, assim como da presidência da Casa até 7 de julho, quando renunciou a este cargo.
A sessão, que estava marcada para às 19h, foi adiada por falta de quórum e só teve início às 20h30. A primeira fala da noite foi do relator da Comissão de Ética da Câmara, deputado Marcos Rogério (DEM-GO), para quem todas as provas analisadas pelo colegiado, como extratos bancários, depoimentos de testemunhas e documentos do Ministério Público suíço, comprovaram que o parlamentar possui conta, patrimônio e bens no exterior não declarados à Receita Federal.
O relator disse ser “incontestável” que Cunha era o verdadeiro dono dos trusts na Suíça. Para ele, “o representado apenas jogou mão de um engendrado jogo de palavras” e não conseguiu provar que não era o dono das contas no exterior. “Restou cabalmente comprovado o uso de uma engenharia financeira”, acrescentou.
Segundo Rogério, Cunha tentou usar a CPI da Petrobras como um palco para prejudicar as investigações da Lava Jato e finalizou afirmando que “a considerar fatos incontestes, pena de perda de mandato é necessária e proporcional”.
Em seguida, o próprio Eduardo Cunha foi ao plenário se defender, sob vaias pedindo sua saída. Em sua defesa, ele atacou o PT e a presidenta eleita Dilma Rousseff, em uma tentativa desesperada de escapar das acusações.
Um aliado de Cunha, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), tentou manobrar a seção para atrasar o processo, mas não conseguiu apoio. Dando seguimento à votação, começaram a falar os deputados à favor e contra a cassação do golpista Cunha.
O deputado e líder do PT na Câmara Afonso Florence (PT-BA) diz que ficou comprovado que Eduardo Cunha mentiu e garantiu que não se trataria de vingança: “Não é um acerto de contas entre os que são contra ou a favor ao impeachment.”
A deputada Moema Gramacho (PT-BA) disse que os deputados que não votassem pela cassação estariam desrespeitando o povo brasileiro ou com medo do que Cunha possa falar ou delatar. A deputada fez um apelo: “Não tenham medo” e terminou a fala gritando “Fora, Cunha!”.
Alice Portugal, deputada pelo PCdoB da Bahia, deixou claro que a votação contra Cunha não é uma vingança, e não seria pelo conjunto da obra.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) comparou a coragem que a Presidenta eleita Dilma Rousseff mostrou em sua defesa no Senado com a defesa de Eduardo Cunha, que disse que teria sua vida “destruída” com o afastamento, lembrou ter sido responsável pelo processo de impeachment que afastou a presidenta legítima e chegou a afirmar aos deputados: “amanhã vai ser qualquer um de vocês”.
#ForaCunha
A hashtag #ForaCunha chegou a ocupar os tópicos mais comentados em todo o mundo no Twitter.
Veja a repercussão da sessão de votação da cassação do ex-presidente da Câmara:
Da Redação da Agência PT de Notícias