Para marcar os 70 anos de publicação do texto “Desenvolvimento econômico da América Latina e alguns de seus principais problemas”, mais conhecido como “Manifesto Latino-Americano”, do economista Raul Prebisch, a Fundação Perseu Abramo (FPA) e o Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) realizarão nos dias 27 e 28 de agosto o ciclo de debates “Nação e Desenvolvimento” (confira a programação abaixo).
O evento, que contará com a participação de intelectuais de diversos países e referências nacionais, acontecerá no hotel Nobile Downtown (Rua Araújo, 141, República, São Paulo / SP). O ciclo é gratuito e aberto à participação com inscrição prévia (o link será divulgado em breve). Todas as atividades serão transmitidas ao vivo pelo canal da FPA no YouTube e por sua página no Facebook.
Os debates serão divididos em três painéis temáticos: 1) “Superar o subdesenvolvimento e a dependência no século XXI: quais são os desafios?”; 2) “O desenvolvimento nacional e o sentido da Nação: a periferia latinoamericana na nova ordem internacional”; e 3)”A identidade cultural e o destino da Nação: o povo e a construção do futuro”.
Com o ciclo de debates, FPA e Clacso têm o objetivo comum de facilitar reflexões acerca (i) dos limites e das possibilidades para a implementação de um Estado social na América Latina; (ii) da possibilidade da esquerda atravessar a experiência do Estado sem sofrer golpes, sem se descolar das camadas populares e/ou sem tornar-se autoritária; (iii) de possibilidade de encampar um projeto contínuo de distribuição de renda sem que a mobilidade social sequestre a subjetividade das camadas populares pela lógica do mercado; (iv) dos limites e das possibilidades para a retomada da industrialização como centro dinâmico do capitalismo nacional; (v) dos limites e das possibilidades de formação de uma coalização de classes capaz de apresentar um projeto de desenvolvimento nacional para os países e uma identidade nacional para o Brasil.
O Manifesto ontem
Há 70 anos o economista Raul Prebisch publicou “Desenvolvimento econômico da América Latina e alguns de seus principais problemas”, importante artigo que ficou conhecido como o “Manifesto latino-americano”.
O texto serviu como base institucional para os trabalhos da CEPAL e como fundamento teórico para o pensamento desenvolvimentista, inaugurando uma tradição intelectual orientada para pensar a economia latino-americana a partir de sua própria autodeterminação e história, sem recorrer a subordinações políticas e importações teóricas.
Tal agenda de reflexões produziu uma profícua linhagem de pesquisas sobre: a inserção subordinada da América Latina na divisão internacional do trabalho, sobre as dificuldades para a construção da industrialização e para a realização da distribuição de renda nesses países.
No Brasil, essa perspectiva orientou as diretrizes para a formulação de uma estratégia de desenvolvimento direcionada à criação de um mercado interno com condições de trabalho e consumo para o conjunto da sociedade, concepção que orientou as propostas programáticas dos governos Lula (2003-2010) e Dilma (2011-2016).
O Manifesto hoje
Mesmo após 70 anos, essa agenda permanece atual, mas desde então o capitalismo passou por um conjunto de transformações que criaram novos desafios estruturais e conjunturais, políticos e econômicos, culturais e civilizacionais.
Por isso são oportunos um retorno crítico e uma atualização daquelas formulações, objetivo que coaduna com as diversas frentes de atuação da FPA e do CLACSO, que têm se debruçado sobre problemas relacionados à nossa estratégia de desenvolvimento.
Um projeto de Nação capaz de enfrentar os desafios do tempo presente não pode abrir mão de alguns compromissos fundamentais como: a democracia política, o desenvolvimento econômico, a concertação social, a soberania nacional, a sustentabilidade ambiental e a ampliação da cidadania. O avanço nestes campos foi fruto de lutas e resistências das forças progressistas ao longo da nossa trajetória histórica.
Programação
18h – Mesa 1 – Superar o subdesenvolvimento e a dependência no século XXI: quais são os desafios?
1. Claudio Lara Cortes – diretor da Faculdade de Economia da Escuela Latinoamericana de Postgrados – Universidade ARCIS (Chile)
2. Ricardo Patiño – ex-chanceler e ex-ministro da Defesa do Equador
Coordenação mesa: Marcio Pochmann – economista, professor da Universidade Estadual de Campinas e presidente da Fundação Perseu Abramo
9h – Mesa 2 – O desenvolvimento nacional e o sentido da Nação: a periferia latino-americana na nova ordem internacional
1. Luiz Carlos Bresser-Pereira – economista e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas
2. Mônica Bruckmann – cientista política e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
3. Carlos Aguiar Medeiros, economista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Coordenação de Mesa: Isabel dos Anjos – socióloga e diretora da Fundação Perseu Abramo
14h – Mesa 3 – A identidade cultural e o destino da Nação: o povo e a construção do futuro
1. Heloísa Starling – historiadora e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
2. Walter Roberto Silvério – cientista social e professor da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar)
3. Miguel Jost – pesquisador e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)
Coordenação mesa: Mônica Martins representante do Brasil no Comitê Diretor do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (CLACSO)
SERVIÇO
Ciclo de debates “Nação e Desenvolvimento”
Data: 27 e 28 de agosto
Local: Nobile Downtown – Rua Araújo, 141, República, São Paulo (SP) – próximo à estação República do metrô
Realização: Fundação Perseu Abramo (FPA) e Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso)