O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, informou em entrevista à TvPT, nesta quinta-feira (17), que o mais recente aumento dos combustíveis feito pela Petrobras foi o maior em 22 anos, e denunciou a responsabilidade de Jair Bolsonaro por esse verdadeiro assalto ao bolso dos brasileiros. No último dia 10, a estatal aumentou o preço da gasolina em 18,8%, o do gás de cozinha em 16,1% e o do diesel em 24,9%.
“Na Bahia, ontem, Bolsonaro disse que a Petrobras é um clube que se utiliza do povo para ganhar dinheiro e mandar lá para fora. Ô, cara pálida, quem foi que colocou o presidente da Petrobras? Quem foi que indicou a maioria do Conselho de Administração da Petrobras? Quem indicou a maioria dos diretores executivos hoje da Petrobras? A culpa, Bolsonaro, é sua. Assuma sua responsabilidade como presidente da República, como pessoa que representa a União, que é a acionista controladora da Petrobras”, cobrou Bacelar (assista a trechos da entrevista abaixo e a íntegra ao fim desta matéria).
O coordenador da FUP reforçou as denúncias que o ex-presidente Lula vem fazendo sobre a política de preços praticada pela Petrobras. Segundo Bacelar, o brasileiro só pagará um preço justo pela gasolina, pelo diesel e pelo gás de cozinha quando a empresa abandonar o preço de paridade de importação (PPI), que segue a variação internacional de preços.
“É inadmissível que o Brasil, que tem autossuficiência de petróleo, que tem refinarias, tenha o preço de paridade de importação como política de preços de combustível aqui. Não tem por que a gente atrelar os nossos derivados de petróleo ao preço do barril de petróleo no mercado internacional, a variações do dólar e a custos de importação porque está tudo aqui: o petróleo é produzido aqui”, disse.
Custo de produção baixo
Bacelar informou que o custo de produção do barril de petróleo no Brasil fica em torno de US$ 40. Não há motivos, portanto, para que o preço do barril internacional, que está na casa dos US$ 113, influencie os preços cobrados no Brasil.
“Nós, além de já usarmos todo o petróleo que precisamos, já estamos exportando. Só a Petrobras exporta de 500 a 600 mil barris por dia. Nós temos refinaria para refinar esse petróleo, que é nacional, que é produzido aqui com um custo de extração baixíssimo, com um custo de produção total ainda mais baixo, em torno de US$ 40. Por que então atrelar isso ao preço do barril de petróleo que já está a US$ 113, já bateu US$ 130? Não faz o menor sentido”, denunciou.
A única explicação, disse, é o interesse do governo Bolsonaro de entregar a Petrobras aos interesses estrangeiros. Afinal, a companhia tem sido vendida para investidores de outros países, e a atual política de preços tem enchido o bolso de acionistas estrangeiros.
“Esses aumentos fazem sim parte desse processo de desmonte, de privatização, de entrega da nossa companhia que, hoje, está sendo utilizada para sangrar o povo brasileiro, que paga preços altíssimos pelos combustíveis enquanto a gestão atual da empresa transfere para acionistas, principalmente de outros países, em forma de dividendos, valores vultuosos, como vimos no ano passado. A empresa passou para acionistas R$ 101 bilhões. É inadmissível”, criticou.
Da Redação