A Comissão Parlamentar de Inquérito das Apostas Esportivas, instalada na Câmara Federal para investigar a manipulação em jogos de futebol no país através de sites de apostas, já iniciou seus trabalhos, com a realização de audiências públicas e oitivas. A CPI já ouviu até agora o presidente do clube União Vila Nova de Goiás, Hugo Jorge Bravo, o primeiro a denunciar todo o esquema de fraudes envolvendo atletas com uma organização criminosa, o procurador-geral do estado de Goiás, Cyro Terra Peres, e também o promotor público Fernando Cesconetto, do mesmo estado.
Em entrevista ao Jornal PT Brasil, nesta segunda-feira (4), o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), que coordena a bancada do PT na CPI das Apostas, falou sobre as oitivas já realizadas e também sobre o andamento dos trabalhos e os objetivos da Comissão Parlamentar de Inquérito. Além dele, os deputados petistas Alencar Santana (PT-SP), Kiko Celeguim (PT-SP) e Washington Quaquá são titulares. Os suplentes são os deputados Alfredinho (PT-SP) e Reimont, e as deputadas Denise Pessôa (RS) e Dilvanda Faro (PT-PA).
“Foi muito esclarecedor porque eles explicaram o modus operandi da organização, que pode ser considerada como uma organização criminosa que envolve casas de apostas, cujo papel ainda está sendo apurado, apostadores, intermediários e os jogadores. A CPI está no processo de ouvir quem investiga o caso e irá ouvir também os jogadores e apostadores, vai quebrar sigilos telefônico e bancário das pessoas envolvidas”, informou Jilmar.
O parlamentar petista, que também é secretário nacional de Comunicação do PT, falou sobre o ambiente político na CPI e sobre a sua importância por abordar uma “paixão nacional”.
“Como é uma CPI que não envolve governos, podemos descrever assim, então não tem disputa política, ela tem uma certa calmaria. Mas ela não deixa de ser importante porque mexe com os corações e mentes de milhões de brasileiros e coloca em risco a credibilidade de uma área do esporte que gera muitos empregos, muita riqueza, muita renda para o país e movimenta muito a economia. Não podemos deixar que isso caia em descrédito de maneira alguma”, enfatizou ele.
Jilmar Tatto reforçou ainda que a existência desse tipo de fraude no futebol não é novidade e afeta o esporte em nível mundial. “A CBF também está acompanhando os trabalhos da CPI e ela enviou um ofício muito importante relatando situações de fraudes e de denúncias, inclusive na Copa do Mundo de 1982. Isso de compra e suborno de jogadores não é um fenômeno somente aqui no Brasil, no mundo todo acontece, então você tem que apurar e punir com muita rigidez para inibir que isso aconteça, penalizar o jogador, penalizar os envolvidos para evitar que o campeonato seja prejudicado”, afirmou, na entrevista.
Arrecadação com apostas online
Durante a entrevista, o parlamentar do PT também destacou um outro debate que ainda não chegou na CPI, mas que, segundo ele, vai aparecer, que são as sedes das empresas de apostas online que estão localizadas no exterior.
“Assim, o Brasil deixa de arrecadar bilhões com essas apostas porque as empresas estão no exterior. O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já falou sobre isso, de que o país pode arrecadar impostos com essas apostas porque são os países lá de fora que estão recebendo os tributos. Nós vamos convidar a área específica do Ministério da Fazenda para explicar o procedimento. As apostas online viraram uma febre e as empresas querem pagar impostos porque sabem que a continuação das suas operações depende da autorização do governo”, informou ele.
Jilmar informou também durante o programa na TvPT que, além de apurar os fatos relacionados às fraudes nas apostas, a CPI deverá apresentar soluções para evitar tais problemas, além propor a normatização do que pode ser apostado e o que não pode.
Ainda durante a entrevista, o parlamentar petista falou sobre o seminário de comunicação que ocorrerá em Porto Alegre (RS), na próxima quarta-feira (7). Organizado pela Secretaria de Comunicação, é o primeiro da série de seminários previstos para serem realizados em todo o país.
Da Redação