Partido dos Trabalhadores

Gabrielli defende controle do Petróleo pelo Estado

O ex-presidente da Petrobras afirmou que o petróleo é estratégico para todas as nações onde é produzido e seu controle pelo estado é necessário

Ricardo Stuckert

José Sérgio Gabrielli

Sergio Gabrielli, coordenador geral da campanha de Fernando Haddad à Presidência da República, participou do seminário “Debates do Brasil: os caminhos do futuro do óleo e gás” nesta quarta-feira (12). Ex-presidente da Petrobras, ele ressaltou o quanto o petróleo é estratégico para todas as nações que o produzem e, por isso, seu controle pelo estado é fundamental. “Das reservas conhecidas, 9 em 10 estão sob controle dos Estados. A abertura para o mercado não significa necessariamente um dinamismo maior para exploração de petróleo. Este não é o caminho que o mundo ensina”.

Gabrielli falou também sobre a mudança de opinião de muitos a respeito do Pré-sal. “O Pré-sal era visto como uma ficção, algo inviável economicamente, uma invenção política. Hoje reconhecem a importância da sua produtividade”, disse ele. Durante o debate Gabrielli fez também a defesa do conteúdo nacional.

Promovido pelo jornal Valor Econômico, com patrocínio Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (IBP), o seminário contou com dois painéis . O primeiro, “Transição Energética – Uma Janela de Oportunidades para o Brasil”, foi apresentado por Clarissa Lins, da empresa Catavento Consultoria e diretora IBP, e Suzana Kahn Ribeiro, professora da UFRJ. O segundo, “Setor de Óleo e Gás no Brasil, Impactos na Economia”, com Décio Odone, diretor geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e José Firmo, presidente do IBP. Para o debate estavam presentes, além de Gabrielli, Dirceu Abraão e Gonçalo Pereira, representantes de Geraldo Alckmin e Ciro Gomes, respectivamente.

Gabrielli afirmou que o programa de governo do PT, orientado por Luiz Inácio Lula da Silva e coordenado por Fernando Haddad, tem cinco eixos e um deles trata da transição energética. “Nós entendemos que o problema central está no uso de recursos naturais em geral, incluindo água e terra. A produção de alimentos e o processo de utilização da terra têm papel muito importante. Além disso, há clara prioridade para a expansão de energias renováveis, tipo eólica e solar, e, sem dúvida nenhuma , os biocombustíveis são fundamentais nesse processo. Acreditamos que a taxa de crescimento dessas fontes será maior do que as energias fósseis. Porém, o volume absoluto de geração energética a partir dessas fontes renováveis, por muitos anos ainda, será pequeno em relação ao petróleo e gás. Em relação ao petróleo e o gás, nós temos os maiores potenciais de reservas de novos barris.”

Gabrielli lembrou que muitas refinarias que trabalhavam com 90% da sua capacidade nos governos petistas, hoje estão operando com 76%, algumas até com 56% da sua capacidade. “Houve claramente subutilização para viabilizar a importação dos derivados do petróleo”, afirmou. Ele disse que hoje o país caminha para inviabilizar a Petrobras como uma empresa grande e forte. “Estamos condenando a Petrobras, por uma opção do seu conselho administrativo, a dar prioridade no curtíssimo prazo para reajustar seus prejuízos financeiros”.

O conteúdo nacional, que visa incrementar a participação da indústria nacional de bens e serviços, em bases competitivas, foi defendido fortemente por Gabrielli. Ele afirmou que é preciso pensar a questão como política industrial, e como tal, ela tem que levar em conta que alguns segmentos dessa indústria estão em fase nascente.

“A indústria nascente historicamente precisa de proteção, convergindo para preços internacionais . Não pode ser setorial, tem que envolver ciência e tecnologia e incentivos da área econômica do governo. E precisa de um segundo elemento, que é de escala. Não pode dar estímulo à indústria local, quando a demanda é pequena. Então precisa escolher nichos, com escalas que viabilizem o investimento da empresa de serviço que possa produzir esses equipamentos no Brasil. Um terceiro ponto é que ela precisa ser modular. Tem ramos que têm potencialidade de mais rapidamente convergir para preços internacionais, outros não. Então é preciso analisar subsegmento por subsegmento. Agora, abandonar a política de conteúdo nacional, com a idílica expectativa de que a competitividade vai levar a reduzir custos e viabilizar a expansão da indústria, vai, na verdade, concentrar renda petroleira e diminuir os impactos sobre a economia nacional”.

Por lula.com.br