O PT vivenciou neste domingo mais um processo de eleições diretas para renovar suas direções. Milhares de filiados e filiadas foram às urnas partidárias. Esse processo é um compromisso histórico do PT com a democracia, que o diferencia de outras agremiações partidárias no País.
Somos o maior partido de esquerda da América Latina e o partido mais querido do povo brasileiro apesar da desconstrução histórica que sofremos, principalmente agora com as agressões sistemáticas que o partido está enfrentando.
Vivemos tempos anormais. Temos um golpe em curso. Depois de tirarem a presidenta Dilma Rousseff, estão rasgando nossa Constituição, desmontando o Estado de Bem Estar Social mínimo que conquistamos e entregando o país aos interesses estrangeiros e ao grande capital.
Assistimos a uma guerra irresponsável das instituições brasileiras que disputam o poder do Estado entre si. Judiciário, Ministério Público, Legislativo e setores do Executivo estão, cada um, mais preocupados com protagonismo das agendas políticas nacionais do que com suas funções constitucionais. O governo golpista é fraco, cuida de interesses pequenos, favores congressistas. Não tem projeto para o País. O projeto que tem é contra o povo brasileiro.
Enfrentar esse momento difícil, denunciá-lo, lutar pelo Brasil, por sua democracia, pelo seu povo é o nosso grande compromisso. Mas não só isso! Nós já governamos esse país. Nós sabemos o que ele precisa para sair dessa crise econômica, resgatar o crescimento e ter um desenvolvimento justo, inclusivo. No momento de crise econômica como este, é preciso um presidente com legitimidade popular, que possa fazer o que Lula fez na crise de 2008/2009. Ao invés de cortes, ajustes, discurso de austeridade, Lula fez o contrário. Fez política fiscal anticíclica. Acelerou o PAC, aumentou o gasto social em 10%, colocando dinheiro nas mãos dos mais pobres.
Com Lula a Petrobrás deu um salto nos investimentos. Usou a política de conteúdo local, gerando milhares de empregos, fazendo plataformas, navios, sonda, tudo aqui no país. Isso foi destruído por Temer.
Lula fez muito mais. Usou os bancos públicos, BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica, para dar crédito mais barato ao setores produtivos e aos consumidores. Isso movimentou a economia. Alavancou o desenvolvimento. Mais um feito destruído pelo Temer. Os bancos públicos hoje estão com juros maiores que os privados e o BNDES está sendo esvaziado. Devolveu R$ 100 bilhões ao Tesouro e ficará sem a Taxa de Juros de Longo Prazo. Não financiará mais grandes investimentos.
Por isso é preciso Lula de volta! Pra fazer o que já foi feito e muito mais. Resgatar o sentimento de Nação, de esperança e orgulho do povo brasileiro. Mas queremos ir adiante. Precisamos de um novo ciclo de investimentos e avanços sociais. Para isso temos de ter justiça tributária, os mais ricos têm de contribuir, e mais. Tributar lucros e dividendos e grandes fortunas é o caminho para isso. Os juros têm de cair. Não podemos consumir 35% do orçamento pagando juros aos rentistas e retirando direitos sociais dos trabalhadores. Por fim temos de garantir uma democracia plena ao povo brasileiro. Isso passa por uma reforma das instituições do Estado e pela democratização dos meios de comunicação.
Sairemos desse processo de renovação das direções partidárias com mais ânimo, vontade de lutar, comprometidos com a construção de um Brasil inclusivo, justo, humano. Nossa militância aguerrida, sem medo de enfrentar adversidades e adversários. Um partido com interlocução com jovens, mulheres, movimentos sociais. Fomos construídos no respeito à diversidade, e assim continuaremos, na luta contra o racismo, contra o machismo, a homofobia, a misoginia, a intolerância.
Tenho muito orgulho do PT. Somos um partido democrático, construído na luta, nas ruas, com os movimentos sociais. Testado nas urnas, no parlamento, nos governos. Somos um partido de massas. Um partido socialista.
Gleisi Hoffmann é líder do PT no Senado