O Brasil foi um dos países pioneiros no sufrágio universal e no direito de voto às mulheres. À frente, inclusive, de países como a França, nação reconhecida internacionalmente por empunhar a bandeira dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
As mulheres têm direito de votar no Brasil desde 1932 (mulheres casadas, com autorização de seus maridos, viúvas e solteiras com renda própria) e, sem restrições, desde 1934. De lá para cá, o desafio de ampliar a participação política das mulheres ainda é uma tarefa árdua a vencer. Mas nada justifica a ignorância, o machismo, misoginia e o desrespeito grotesco do deputado catarinense Roberto Salum contra a deputada estadual Ana Paula Lima, durante uma sessão plenária na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC).
O deputado disse se negar a debater com a colega por ela ser mulher e que preferia discutir com o marido da parlamentar, retirando-se em seguida da tribuna. Muito asquerosa essa manifestação. É discriminatória e merecedora de todo repúdio da sociedade.
Com isso, ele atestou sua incompetência não só em dialogar, sustentar argumentos e debater democrática e inteligentemente com qualquer pessoa que pense diferente dele ou contrarie suas imposições, bem como em demonstrar o mínimo sinal de respeito às pessoas e ao que representa um mandato parlamentar. Ainda, total inaptidão para a convivência harmônica dentro de uma civilização que caminha para evolução social e humana.
Venho somar forças junto aos movimentos sociais, responsáveis justamente por esses avanços da humanidade, e às lideranças que protestam em solidariedade à deputada ofendida e que exigem da ALESC uma retratação pública por parte do nada nobre deputado, um pedido de desculpas ou mesmo uma responsabilização diante desse absurdo.
Os retrocessos e agressões embutidos na intolerância do deputado de Santa Catarina só alimentam a discriminação, o ódio, o machismo, a misoginia e a violência contra as mulheres. É preciso responsabilizar e dar um basta nesse tipo de comportamento tão nocivo ao desenvolvimento do nosso povo.
Machistas, não passarão. Não nos calaremos. Mexeu com uma, mexeu com todas!
Gleisi Hoffmann
Senadora da República e Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT).