A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), avalia que a legenda está animada para as eleições municipais de 2020, com o maior partido de esquerda da America Latina retomando em condições mais favoráveis a disputa eleitoral e a preferência do cidadão. “Nas eleições de 2016, tivemos 990 candidatos. Nas eleições de 2012, foram 1.800 candidatos. Neste ano, são mais de 1.600 candidatos”, aponta.
Em entrevista ao programa Poder 360, transmitido no último domingo,13 de setembro, no SBT. Gleisi explica que a conjuntura mudou. “O número de candidatos do PT agora é bem superior ao das eleições municipais de 2016. E temos um grande número também de candidatos a vereador. São mais de 21 mil candidatos e candidatas em todo o Brasil. O PT está mais animado. É um outro momento”, disse.
Gleisi lembra que, há quatro anos, o PT sofreu uma dura derrota eleitoral, mas que, agora, as condições são mais favoráveis e a legenda está recuperando prestígio e o partido está mais forte politicamente. “As eleições de 2016 foram as mais difíceis para nós. Foi um momento muito duro”, disse, lembrando que naquele ano o país sofreu um Golpe de Estado, com o impechment fraudulento da ex-presidenta Dilma Rousseff.
“A Lava Jato estava funcionando a todo vapor e o PT era tratado – injustamente – como uma organização criminosa”, ressalta. “A gente não tinha espaço para se defender. Em 2016, foi uma eleição para o PT ter acabado”, diz, comparando que a situação agora é diferente. “A gente teve uma recuperação”, destaca, lembrando que, mesmo derrotado em 2018, nas eleições presidenciais, o PT vem ganhando força e tração política.
Conjuntura política mudou
“Mesmo perdendo, com toda aquela conjuntura, a gente saiu com um fortalecimento político. Elegemos quatro governadores e a maior bancada de deputados federais e o Fernando Haddad saiu com uma votação expressiva, com mais de 47 milhões de votos”, comentou na entrevista concedida ao jornalista Fernando Rodrigues. “Há um enfrentamento político e uma discussão na sociedade sobre os rumos do país”, disse.
Ela também avalia que o presidente Jair Bolsonaro não terá vida fácil nas eleições municipais deste ano, por conta da crise econômica e social, agravadas pela pandemia do Covid-19. Mesmo com o pagamento do auxílio emergencial, a situação não é fácil para o Palácio do Planalto e o bolsonarismo, sobretudo no Nordeste, onde o PT e as oposições têm força política e eleitoral.
“Bolsonaro está fazendo uma investida, inclusive com a ajuda dos partidos do Centrão que atuam lá. Tem tido mais presença. Mas, de novo, quero repetir aqui: não é fácil o Bolsonaro ocupar esse espaço apenas com a renda emergencial”, observa a parlamentar. “O que foi feito no Nordeste brasileiro nas gestões nossas – do governo Lula e do governo Dilma – foi algo inusitado na história. O PIB nordestino cresceu quase o dobro do que o PIB das outras regiões do Brasil”, destaca.
Embora as eleições de 2022 ainda estejam distantes, Gleisi comentou que as oposições têm condições de construir uma alternativa eleitoral para voltar a ocupar o Palácio do Planalto. Ela considera possível que o PT faça uma chapa eleitoral para 2022 compondo com outra sigla de esquerda e até abrir mão da cabeça. Mas ressaltou que, para isso, é preciso “ter voto” para assumir essa posição.
Campanha para as Eleições 2022
“É possível fazer um acordo, fazer uma composição, ter um plano que nos unifique”, disse. “Mas para assumir uma cabeça de chapa tem que ter voto, né? Quem é que tem hoje votação expressiva no Brasil? Às vezes as pessoas dizem assim: ‘Fulano seria melhor para o segundo turno’. Só que para chegar no segundo turno precisa passar pelo primeiro. E voto, capital eleitoral, é algo que se acumula da sua vivência, da sua disputa política, do seu posicionamento… É uma construção. Política não é um ato de abrir mão, é um ato de composição”, declarou.
Ela comentou que as esquerdas têm nomes competitivos e que as condições para uma composição vão avançar nos próximos dois anos. “Tem vários nomes. Tem nomes no PT e tem nomes em outras legendas, como é o caso do Flávio Dino [governador do Maranhão pelo PC do B], que tem se colocado no cenário nacional”, comentou.
A possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser o candidato do PT à Presidência também não está descartada, embora as condições não estejam dadas, porque ele está inelegível pela condenação – injusta e sem provas – no caso da Lava Jato. “Nosso objetivo não é buscar elegibilidade do presidente Lula; é buscar Justiça para o presidente Lula”, disse. “A minha vontade e a da maioria do PT é que Lula seja candidato novamente; que Lula dispute a eleição presidencial”, afirma. “Nós queremos a anulação da sentença porque ela é injusta, ela é ilegal. Sergio Moro, que condenou o Lula, virou ministro do Bolsonaro”.
Da Redação, com Poder 360