“Estamos nos aproximando de um momento de decisão, dos argumentos, encerrando os debates, com quase nada de novo a ser dito (…) é hora de um diálogo definitivo com a história”, afirmou a senadora Lídice da Mata (PSB/BA) ao usar seu tempo no plenário na tarde desta terça-feira (30).
Citou a “corajosa e brilhante defesa da presidente Dilma”, que respondeu a todos no Senado por 15 horas. “Embora incomode a muitos o sucesso e o talento de uma mulher”, completou a senadora.
Lembrando que na quarta-feira (31) acontecerá a votação para decidir o destino da “presidenta eleita legitimamente”, Dilma Rousseff, por mais de 54 milhões de votos, ela disse: “com nossos votos, decidiremos se iremos privá-la de seus direitos políticos por 8 anos. Esses últimos dias foram extremamente valiosos para quem se entregou de fato a busca da verdade”.
Seu principal argumento foi que a presidenta Dilma não pode ser acusada de crime de responsabilidade e que esta é uma desculpa para acabar com seu mandato.
“Pouco importa se a presidente Dilma cometeu ou não crime de responsabilidade – e ela não cometeu nenhum, como ficou cabalmente provado neste processo. Querem cassar o mandato de uma presidenta legitimamente eleita pelo conjunto da obra (…) esquecendo-se de quem, no regime presidencialista, quem cassa mandato do presidente pelo conjunto da obra é o povo, nas urnas”, afirmou.
Para ela, a discussão sobre o afastamento de Dilma expôs o “conluio entre técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) para a construção de uma tese, o patrocínio do partido derrotado nas urnas para acusação e a revanche política do presidente da Câmara Eduardo Cunha”.
A senadora mencionou ainda que Cunha, “gangster”, vislumbrou a oportunidade de alçar seu partido – o PMDB – ao governo, já que esta é a mesma legenda do vice Michel Temer. “Oportunismo político (…) a traição do vice que conspirou e articulou para derrubar a presidenta”, definiu.
“Tudo isto abraçado pela grande mídia, para espanto da imprensa mundial, que age como partido político”, lamentou.
A senadora criticou a deslealdade de Temer e de outras pessoas que ocuparam cargos durante os governos do PT: “Subitamente desembarcaram do governo de Dilma para embarcar pela porta dos fundos no governo interino”.
“Impeachment sem crime de responsabilidade comprovado – queiram ou não seus defensores – não tem outro nome senão golpe parlamentar, jogo de cartas marcadas, farsa”, argumentou.
Criticou ainda que o plenário estava “semi-vazio” quando a defesa de Dilma, representada pelo advogado José Eduardo Cardozo, estava fazendo sua exposição. Segundo ela, tal atitude demonstra que os senadores não estão dispostos a ouvir a presidenta. “Viraram as costas e taparam os ouvidos”, descreveu.
A senadora avalia que o impeachment é apenas mais um instrumento para a consumação do golpe, cujo objetivo é impor um conjunto de políticas derrotado nas urnas nas eleições presidenciais de 2014.
Medidas de retrocesso, como o primado do negociado sobre o legislado e congelamento dos gastos públicos por 20 anos, entre outras políticas, foram criticadas pela senadora. “Tudo isto temperado com uma pitada de constitucionalidade”, ironizou.
Segundo a senadora, muitos parlamentares estão “rasgando suas biografias” ao defender o afastamento de Dilma: “Digo não ao golpe, à farsa parlamentar que tentam impor ao país neste momento trágico”, concluiu.
Assista ao discurso completo:
Da Redação da Agência PT de Notícias