Em reunião realizada em Brasília, nesta segunda-feira (23), o Fórum dos Governadores manifestou preocupação com instabilidade institucional causada por Jair Bolsonaro nas últimas semanas. No entendimento dos gestores, a crise criada por Bolsonaro representa um sério entrave à retomada do desenvolvimento, na medida em que afugenta investidores e prejudica a atividade econômica. Em uma onda de sucessivos ataques à Suprema Corte e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Bolsonaro elevou a temperatura da crise ainda mais ao protocolar um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Morais, na última sexta-feira (20).
Segundo o governador da Bahia Rui Costa (PT), que participou remotamente da reunião, a escalada autoritária de Bolsonaro representa uma “tragédia” ao Brasil. “Além de ameaçar a democracia, como um modo de vida, a ameaça é uma tragédia para o emprego, para a renda, para os investimentos”, comentou Costa. Para o governador, Bolsonaro não trabalha mas consegue arruinar a retomada da economia nos estados.
“É notória a repercussão desse comportamento do presidente nos investimentos externos no Brasil, o grande prejuízo que isso trouxe para a economia dos estados. Isso sem falar na postura autoritária de perseguir os estados e jogar no colo dos governadores os efeitos nefastos dessa política do governo federal”, criticou.
Para 24 governadores, é necessário criar um ambiente para a construção de consensos em torno do diálogo e da harmonia entre os Três Poderes. “O Fórum dos Governadores do Brasil pede diálogo”, afirmou o governador do Piauí Wellignton Dias, representante da Temática das Vacinas no Fórum. “Não será possível manter uma democracia sem respeito às instituições e posições políticas. Ainda estamos no meio de uma pandemia, com a ameaça de variantes e precisamos do alinhamento entre estados, municípios e governo federal”, advertiu Dias, pelo Twitter.
Por um ambiente de estabilidade
Para o governador, é fundamental criar um ambiente “de serenidade, de confiança, de estabilidade e de previsibilidade no Brasil”. O petista falou que o Fórum articula uma reunião entre os Três Poderes, e com participação da sociedade civil, para a semana que vem.
“Solicitamos uma agenda com o presidente da República e com os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo, além de líderes empresariais e dos movimentos sociais, para enfrentar a crise e tratar do que o povo precisa”.
Os governadores reforçaram ainda a importância de esforços em conjunto para um pacto pela vida, com medidas de controle da variante Delta e ampliação da vacinação da população brasileira. Trataram, ainda, da criação do Consórcio Brasil Verde para tratar de questões relacionadas ao meio ambiente.
Policiais Militares
A segurança pública nos estados, em especial a atuação da Polícia Militar na crise institucional, também foi debatida na reunião. Os gestores temem o uso político das forças policiais e seu impacto nos estados. “Aprovamos por parte dos estados um compromisso de que as polícias dos estados estarão atuando na forma e nos limites da Constituição e da lei. É um compromisso do Fórum dos Governadores”, garantiu Wellington Dias.
“É uma posição muito importante, porque a pactuação passa a ter uma sintonia nacional”. Nesta segunda, o governador de São Paulo João Dória afastou um coronel da PM do estado que se manifestou a favor de atos antidemocráticos.
Veja os quatro pontos da agenda do Fórum dos Governadores:
1 – Reunião com os Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), com os governadores e representantes da sociedade civil;
2 – Reforçar Pacto Nacional Pela Vida, com medidas para conter novas variantes e ampliação de vacinas;
3- Compromisso de manter policiais estaduais atuando dentro da Constituição;
4 – Criação do Consórcio Brasil Verde, responsável pela implementação de ações ambientais.
Da Redação