Em votação nominal, o plenário da Câmara decidiu pela não aceitação da denúncia do ex-procurador-Geral Rodrigo Janot nesta quarta-feira (25) contra o presidente usurpador Michel Temer (PMDB).
Apesar do resultado favorável ao governo, a oposição teve ao menos duas vitórias: pela manhã, conseguiu adiar o início da sessão, aumentando o desgaste do governo. Além disso, o governo reduziu em mais de dez votos sua base de apoio em relação à primeira denúncia.
O placar, dessa vez, foi de 251 a favor de Temer e 233 contrários. Em agosto, Temer havia conquistado 263 favoráveis, e 227 contrários.
Dessa forma, o governo Temer sai enfraquecido dessa votação e, segundo deputados do PT, deve sangrar até o fim de 2018, com dificuldade para aprovar seus projetos. “O governo teve de gastar bilhões para contentar a base para um resultado que é simplesmente se manter no poder”, afirma o líder do PT na Câmara Carlos Zarattini (PT-SP).
Durante todo o processo de votação, deputados denunciaram a compra de votos por meio de emendas, cargos e projetos de lei que o beneficiam. É o caso do Refis, que perdoou dívidas bilionárias, tendo alguns deputados, inclusive, como beneficiários. “Se viu que ele comprou votos, e perdeu a condição de governar”, afirma o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Para José Guimarães (PT-CE), líder da minoria na Câmara, o governo não conseguirá votar mais nada até o fim de seu mandato. “O governo acabou com o seu capital político. Os 400 votos que tinha se resume a 200 e poucos”, ressalta.
O dia foi de resistência. A primeira sessão foi aberta às 9h mas, em uma vitória da oposição, foi encerrada por volta das 14h sem a presença mínima de 342 deputados para iniciar a votação. Assim, o presidente da Câmara Rodrigo Maia teve de abrir uma nova sessão, e a votação só foi iniciada às 19h, aumentando o desgaste do presidente golpista. Guimarães, líder da minoria, ressaltou a unidade da oposição em sua atuação e afirmou que, apesar da batalha perdida, a guerra continua.
O deputado Wadih Damous (PT-RJ) prevê uma crise de legitimidade nas ruas. Para ele, o resultado sinaliza que a corrupção vai continuar com o aval da Câmara. “A crise deve se aprofundar e isso vai se refletir nas ruas. Já tá passando dos limites uma situação em que direitos estão sendo esfarelados e não há qualquer perspectiva”, diz ele. O deputado Patrus Ananias (PT-MG) afirma que o governo vive uma crise institucional generalizada. “O país vai continuar a ter um governo agonizante. Governo que não faz outra coisa senão se defender utilizando dinheiro público”, explica.
Esse governo em frangalhos deve favorecer sua principal base de apoio, que é a bancada ruralista, segundo o deputado Nilto Tatto (PT-SP). Temer deve continuar com a pauta que já vem colocando em prática, mas intensificando sobretudo sobre a legislação, aponta.
“O governo tem uma dívida a pagar com a bancada ruralista e, por isso, deve se tornar mais conservador ainda”, explica.
“Essas pautas contra meio-ambiente, contra populações tradicionais e contra a reforma agrária tendem a avançar. O próprio orçamento já reflete a paralisação dos programas sociais como um todo e, agora, devem avançar mudanças na legislação”, explica.
Para a deputada Margarida Salomão, o momento é de intensificar a luta política. Segundo ela, há um desânimo geral nas ruas não porque a população não esteja indignada, mas porque a opção à Temer é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), que também encampa uma agenda neoliberal e de retirada de direitos.
“Esse governo não tem mais capacidade política de articulação com a sociedade em razão da falta de credibilidade. Se sustenta pelo fisiologismo”, aponta o líder da oposição no Congresso, deputado Décio Lima (PT-SC).
Veja o que outros parlamentares do PT falaram sobre o resultado da votação na Câmara que livrou Temer de ser investigado pelo STF:
Da Redação da Agência PT de Notícias