Não há vestígios de que as gráficas emissoras de notas fiscais tenham realmente trabalhado para as candidatas laranjas do PSL, partido de Jair Bolsonaro. Esse foi o resultado das buscas realizadas pela Polícia Federal na segunda-feira (29) e divulgadas pela Folha de S. Paulo neste sábado (04).
Quatro mulheres que disputaram as eleições de 2018 pelo partido são investigadas pela suspeita de simular concorrer a mandatos de deputada estadual e federal. Elas declararam ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que contrataram gráficas em Minas Gerais para produzir material de campanha. As empresas emitiram notas fiscais, mas a PF não encontrou qualquer registro de que o serviço tenha sido prestado.
De acordo com a reportagem da Folha, das cinco empresas procuradas pela Polícia Federal, quatro afirmaram não ter registro dos serviços que supostamente foram prestados. A quinta também não apresentou documentos que comprovassem a execução do trabalho, mas alegou que teria registro no sistema.
As candidaturas têm ligação com o ministro do Turismo de Bolsonaro, Marcelo Álvaro Antônio, que era deputado federal e presidia o PSL de Minas Gerais no período das eleições. Segundo outra reportagem da Folha, publicada em fevereiro, ele patrocinou um esquema de laranjas e direcionou verbas do fundo eleitoral para empresas que tinham ligação com seu gabinete.
MP pede quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz
Os escândalos ocorrem tanto no partido como na família Bolsonaro. Neste domingo, o colunista Lauro Jardim, de O Globo informou que o Ministério Público do Rio de Janeiro vai pedir à Justiça a quebra de sigilo fiscal e bancário do senador Flávio Bolsonaro e seu ex-assessor, Fabrício Queiroz, que está foragido. Ele é investigado por transações financeiras atípicas que somam R$1,2 milhão.
Uma dessas transações envolve a primeira dama, Michelle, que recebeu de Queiroz um depósito de R$24 mil. À época em que o caso foi divulgado, Jair afirmou que o valor seria para ele e foi debitado na conta de sua esposa porque ele estaria impossibilitado de sair de casa por questões de saúde. Na mesma semana, ele foi visto indo ao banco três vezes.
Fabrício Queiroz também é investigado por receber transferências de parte dos salários de funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro. O caso envolve pelo menos dez funcionários incluindo a mulher e a mãe do ex-policial militar Adriano Nóbrega, que é apontado como chefe de milícia e está foragido.
Família Bolsonaro tem histórico de irregularidades
Em agosto do ano passado, a Folha de S. Paulo mostrou que Jair, à época deputado federal, usava dinheiro da Câmara para pagar o salário de Walderice Conceição, que, em horário de expediente, vendia açaí na praia em uma barraca que leva o seu nome “Wal Açaí”. Ela esteve na lista de funcionários do gabinete de Jair Bolsonaro entre 2003 e 2018 recebendo um salário bruto de R$1.416,33.
Já na última segunda-feira (29), a Agência Pública revelou que cinco secretárias que supostamente teriam trabalhado com Jair na Câmara dos Deputados sequer tinham crachá, item obrigatório para entrar no Congresso. Bárbara de Oliveira Ferraz, Denise Marques Felix, Patrícia Cristina Faustino de Paula, Dulcineia Pimenta Peixoto e Mirian Melo Lessa Glycério de Castro recebiam entre R$1.023 e R$4.188 para trabalhar como assessoras, mas nunca foram trabalhar.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações da Folha, O Globo e Agência Pública