A quarta-feira, 22, foi marcante para os grevistas de fome ligados aos movimentos que compõem a Frente Brasil Popular e Via Campesina. Há 23 dias sem ter acesso a nenhum tipo de alimento. O gesto extremo praticado por Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves (ambos do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA), Gegê Gonzaga (da Central dos Movimentos Populares – CMP), Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico (ambos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST) e Leonardo Soares (do Levante Popular da Juventude) tem alcançado repercussão junto aos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Depois de terem sido recebidos pelo ministro Ricardo Lewandowski e ter um representante presente em um diálogo de organizações sociais, artistas e intelectuais com a ministra presidenta do STF, Cármen Lúcia, chegou a vez dos grevistas serem recebidos pela ministra Rosa Weber em seu gabinete. A exceção foi a grevista Zonália Santos, que na noite anterior teve complicações em seu quadro de saúde e foi aconselhada a ficar em repouso.
“Essa greve de fome dialoga com toda situação de crise política e econômica do nosso País”, explicou a dirigente do MST, Kelly Monforte, que foi escolhida para se manifestar como porta-voz dos grevistas, instalados dentro da estrutura do STF das 15h às 21h. “Nós, enquanto brasileiros e brasileiras, não desistiremos do País, resistiremos, combateremos contra a volta radical da fome, para que a miséria não se expanda e para que também sejam garantidos os direitos democráticos de todos”, acrescentou.
Para a militante, é preciso fazer valer o direito do cidadão brasileiro e que se tenha noção de que maior que a eleição, temos um povo que vote e que o voto do povo tenha validade. “Pedimos para que a ministra seja bastante consciente no seu voto quando entrar em pauta as Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC’s)”.
Barroso
O ministro Luís Roberto Barroso não atendeu aos grevistas, designando sua chefe de gabinete, Renata Saraiva, para acolher os pleitos apresentados. Ela, por sua vez, conversou com os ativistas na antessala do gabinete, permanecendo o tempo todo atrás de um balcão.
A funcionária anotou os principais temas e comprometeu-se a levar as informações até o ministro. Segundo Kelly Monforte, os grevistas relataram os 23 dias da greve, apresentaram suas pautas, propuseram a sensibilização da sociedade, apelaram pela votação das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC’s) e, por fim, declararam que apesar da condição visível de fragilidade pelas três semanas de greve de fome, estão preparados para aguentar ainda muito mais tempo. Os grevistas reforçaram o pedido de serem recebidos pelo próprio ministro Barroso.