Grevista de fome é hospitalizada após passar mal em ato no STF

Pela segunda vez desde o início da greve, a militante Zonália Santos, há 22 dias sem se alimentar, precisou de atendimento hospitalar

Adilvane Spezia / MPA e Rede Soberania

A militante Zonália passou mal durante ato na frente do STF

Zonália Santos, uma dos sete militantes que estão há 22 dias em greve de fome, passou mal durante ato em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e precisou ser conduzida para obter atendimento médico especializado, nesta terça-feira (21). Ela recebeu os primeiros socorros ainda em frente ao STF pelos médicos e médicas da equipe de saúde da Greve de Fome por Justiça no STF. A militante foi levada pelo SAMU a um hospital de Brasília. O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), e a deputada Erika Kokay (PT-DF), presenciaram o incidente e atuaram para que o socorro fosse agilizado.

No momento em que Zonália Santos passou mal, dezenas de pessoas participavam de uma manifestação para reivindicar que a Alta Corte paute imediatamente a votação das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADC’s 43 e 44) que questionam o cumprimento de pena após condenação em segunda instância. Os manifestantes lembraram ainda que o STF tem o dever de cumprir determinação do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que assegura a Lula o direito de participar da campanha eleitoral.

Durante a manifestação, a deputada Erika Kokay fez uma homenagem aos grevistas e defendeu a liberdade de Lula. “Esses manifestantes abrem mão do alimento, para nos alimentar de esperança. A esperança de que o STF cumpra a sua função de proteger a Constituição. Se essa Constituição estivesse protegida, Lula estaria conosco. Mas ele está encarcerado em Curitiba, na condição de preso político. Por isso, precisamos ser a voz, as pernas e o coração de Lula, e nos colocarmos em marcha para interromper a fome e o desemprego. A esperança do povo é Lula, e esses companheiros em greve de fome representam todo o povo brasileiro”, ressaltou.

Resistência

Além de Zonália, participam da greve de fome pela liberdade de Lula Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA); Luiz Gonzaga, o Gegê, da Central dos Movimentos Populares (CMP); Jaime Amorim e Vilmar Pacífico, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); e Leonardo Soares, militante do Levante Popular da Juventude. Também realiza greve de fome em Brasília, de forma individual, o militante de esquerda Cícero Ezequiel Filho.

Para Rafaela Alves, a esperança do povo brasileiro por dias melhores é a principal motivação para a continuidade da greve. “Esse movimento representa a esperança e o desejo do povo brasileiro por justiça, por um país com dignidade, sem desemprego, sem fome. Esse sentimento, além da solidariedade do povo, nos alimenta todos os dias”, destacou.

O Frei Sérgio Görgen criticou o STF, ao citar o descaso da Suprema Corte em pautar o julgamento da ação que questiona a prisão em segunda instância. Segundo o frei, tal atitude contraria a vontade popular de ter Lula em liberdade para concorrer à Presidência. Ele avalia que essa omissão pode desmoralizar totalmente a Alta Corte brasileira.

“Temos um STF que não tem emoção e age contra a vontade do povo. Mas o povo está se libertando, e eles vão ficar isolados. Se o STF não se movimentar a tempo para garantir os direitos individuais, o povo vai saber o que fazer com este Judiciário”, analisou.

Ato inter-religioso 

Em um segundo momento da manifestação, foi realizado o Ato Inter-Religioso no qual foi entregue uma carta de solidariedade aos militantes em greve de fome. Após cânticos e orações em favor de Lula e do povo brasileiro, líderes religiosos protestantes entregaram aos grevistas um documento enviado pela Comunhão Mundial de Igrejas Reformadas (CMIR) e pela Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina (AMIR). A carta é assinada pelo Reverendo Chris Ferguson (Secretário Geral da CMIR) e pelo Reverendo Darío Barolin (Secretário Executivo da AMIR).

No documento, as entidades afirmam que estão alinhadas com a liminar do Comitê de Direitos Humanos da ONU que determina que o Estado brasileiro “tome todas as medidas necessárias para permitir que Lula desfrute e exerça seus direitos políticos como candidato nas eleições presidenciais de 2018”. As duas entidades representam 233 Igrejas em 108 países, com quase 100 milhões de fiéis.

Por PT na Câmara

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