O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou neste final de semana a existência de bloqueio de recursos do país por parte dos Estados Unidos e diversos países da União Europeia, que dificultam a compra de vacinas contra a Covid-19. Maduro afirmou que o governo reclamou o acesso aos recursos junto a Organização Mundial de Saúde, o que foi negado pela instituição. “Reclamámos para que nos entreguem o dinheiro para comprar a vacina, através da Organização Mundial de Saúde, e negaram. Por isso, faço esta denúncia”.
Em nota divulgada no último dia 29 de dezembro, o Grupo de Puebla havia denunciado a situação, alertando que a medida adotada contra a Venezuela poderia deixar o povo sem acesso à vacina. “Não favorecer por todos os meios possíveis que a vacina chegue o quanto antes a todos os cidadãos do mundo e, em particular a todos os venezuelanos, dadas as circunstâncias especiais que o país atravessa, é algo mais do que inadmissível, é cruel e desumano”, afirma a nota. “Não há desculpa nem justificativa nem opinião ou situação política que explique uma recusa ou atraso”, advertem.
Apesar do bloqueio dos recursos, Maduro informou que o governo venezuelano vai dispor, no primeiro trimestre do ano, de dez milhões de doses da vacina Sputnik V, resultado de acordo firmado com a Rússia no final do ano. “A vacina russa não está bloqueada, conseguimos usar recursos e pagar com facilidades dadas pela Rússia, isso é ser um verdadeiro amigo da Venezuela”, disse Maduro. As doses da vacina russa vão servir para imunizar o mesmo número de venezuelanos. Em dezembro, Maduro indicou que o plano de vacinação deve ter início em abril.
Veja a nota do Grupo de Puebla:
VACINA PARA OS VENEZUELANOS E PARA TODOS
O mundo está se mobilizando na luta contra os muitos desafios da pandemia. Para os que assinam este documento, o mais importante é o direito de acesso universal à vacina contra a Covid-19. É uma questão de dignidade, de direitos humanos, de justiça.
A história nos julgará neste momento. Não favorecer por todos os meios possíveis que a vacina chegue o quanto antes a todos os cidadãos do mundo e em particular a todos os venezuelanos, dadas as circunstâncias especiais que o país atravessa, é algo mais do que inadmissível, é cruel e desumano. Não há desculpa nem justificativa nem opinião ou situação política que explique uma recusa ou atraso.
Jamais se poderá explicar aos venezuelanos qualquer atitude que não contribua para seu direito à vida, que é a vacina contra a COVID 19.
Diante do direito essencial à saúde, não há política, ideologia ou estratégia que possa se sobrepor a um ato de justiça vital.
Clamamos, cobramos e exigimos do governo dos EUA, da UE e dos governos europeus, que retêm ativos de bilhões de dólares do povo venezuelano, que liberem, na quantia necessária, os recursos para financiar a vacina para todos os venezuelanos, independentemente de onde residam e que condição legal tenham, o que seria coordenado e supervisionado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). A decisão de não vacinar os migrantes irregulares venezuelanos na Colômbia é um ataque cruel aos princípios humanitários básicos e aos direitos humanos.
Este manifesto, este apelo moral, está aberto ao apoio de todos os cidadãos da Venezuela, da América Latina e de qualquer outra região do planeta. Nossas convicções fazem com que nossa determinação de evitar que a política internacional e as relações entre povos e países caiam do penhasco da insensibilidade, do desprezo ou do ódio, seja absoluta.
Chegaremos a todos os governos interessados, para cumprir esta demanda justa e humanitária.
Reiteramos o apelo à Organização Mundial de Saúde para que nenhuma pessoa fique de fora do acesso à vacina por motivos financeiros.
Pedimos seu apoio. Assine, em nome da ética e da solidariedade, este justo manifesto.
Assinam:
1. Dilma Rousseff, ex Presidenta de la República. Brasil.
2. Rafael Correa, ex Presidente de la República, Ecuador.
3. Lula da Silva, ex Presidente de la República. Brasil.
4. Ernesto Samper, ex Presidente de la República, Colombia.
5. José Luis Rodríguez Zapatero, ex Presidente del Gobierno de España.
6. Fernando Lugo, ex Presidente de la República. Paraguay.
7. Andrés Arauz, candidato presidencial. Ecuador
8. Mónica Xavier, ex Senadora. Uruguay
9. Esperanza Martínez, Senadora. Paraguay
10. Gabriela Rivadeneira, Asambleísta Nacional, Ecuador.
11. Carlos Sotelo, ex Senador, México.
12. Iván Cepeda, Senador. Colombia
13. Jorge Taiana, Senador y ex Canciller. Argentina
14. Daniel Martínez, ex Intendente. Uruguay
15. Karol Cariola, Diputada. Chile.
16. Clara López, ex Ministra. Colombia
17. Celso Amorim, ex Canciller. Brasil
18. Carol Proner, Abogada. Brasil.
19. Guillaume Long, ex Canciller. Ecuador.
20. Cuauhtémoc Cardenas, ex candidato presidencial. México
21. Carlos Ominami, ex Senador y ex Ministro. Chile.
22. Ana Isabel Prera, ex Embajadora. Guatemala.
23. Ricardo Patiño, ex Canciller y ex Ministro. Ecuador.
24. Fernando Haddad, ex Ministro y ex Candidato Presidencial. Brasil.
25. Alejandro Navarro, Senador. Chile.
26. Beatriz Paredes, Senadora. México.
27. Maximiliano Reyes, Subsecretario para América Latina y el Caribe. México.
28. Aida García Naranjo, ex Embajadora. Perú.
29. Marco Enríquez-Ominami, ex Candidato Presidencial. Chile.
30. Camilo Lagos, Presidente Partido Progresista. Chile.
Da Redação com Agências