Durante quase 40 anos, contados a partir de 1941, as mulheres foram impedidas de jogar futebol no Brasil, sob o argumento de que o esporte era incompatível com as condições de sua natureza.
A abertura só aconteceu em 1979, em um contexto de aumento das liberdades individuais, nos últimos anos do regime militar. A regulamentação da atividade profissional veio em 1983, pautada pela luta das jogadoras, mas somente em 1988, há 30 anos, é que a Seleção Feminina de Futebol teve a sua primeira convocação oficializada.
A atacante Roseli de Belo estava entre aquelas mulheres que entraram para a história. Então com 17 anos, ela recorda que o momento foi de incredulidade.
“Foi uma sensação muito boa, eu nem acreditava. Mas a dificuldade para chegar até lá foi imensa, pois a minha família não apoiava, achava que eu era a única menina que jogava futebol, porque não passava na televisão. Quando eu fui convocada, já estava no Rio de Janeiro, para onde fui escondida, depois de jogar dois anos no Juventus, em São Paulo”, conta.
Com a Seleção, Roseli esteve em três edições dos Jogos Olímpicos: Atlanta 1996, Sidney 2000 e Atenas 2004. Sendo que, na última, a atacante conquistou a medalha de prata. Mesmo aposentada, a ex-atleta segue ligada ao futebol, atuando em um projeto voluntário na cidade de Osasco (SP).
Mais de três décadas depois da legalização da prática do esporte no país, as mulheres superaram algumas barreiras, porém, outras permanecem resistentes ao tempo. A falta de incentivo, na opinião de Roseli, ainda é o principal impedimento para que a modalidade cresça.
“Ainda hoje, para você sobreviver do futebol, precisa jogar fora do Brasil. Lá você vê os patrocínios nas camisas, o que não acontece aqui, onde só há interesse em investir nas mulheres quando a equipe chega em alguma decisão”, avalia.
A representatividade de mulheres nos gramados conta com grandes nomes, como o de Roseli, Marta, Formiga, Mariléia dos Santos (conhecida como Michael Jackson), entre tantas outras. Ainda assim, há uma longa caminhada pela frente pelo devido reconhecimento e consolidação de direitos conquistados.
Por Geisa Marques, da Comunicação Elas por Elas