Em 21 de setembro de 2011, a ex-presidenta Dilma Rousseff se tornava a primeira mulher a abrir a etapa da Assembleia Geral das Nações Unidas dedicada aos discursos dos chefes de Estado. No discurso, Dilma defendeu maior participação para países emergentes nos fóruns mundiais, exaltou o papel das mulheres na política e cobrou por uma reforma no Conselho de Segurança, restrito a 15 países sendo apenas cinco com assento permanente e poder de veto.
Como contavam os colunistas Rodrigo Vianna e Dennis de Oliveira, o histórico discurso de Dilma foi explícito contra a discriminação de gênero, lembrando a subalternização social das mulheres no mundo; falou na necessidade controlar capitais, culpando o modelo de do livre fluxo dos capitais especulativos pela crise internacional; e também cobrava uma nova governança global.
“Urge aprofundar a regulamentação do sistema financeiro e controlar essa fonte inesgotável de instabilidade. É preciso impor controles à guerra cambial, com a adoção de regimes de câmbio flutuante. Trata-se, senhoras e senhores, de impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo”, disse a presidenta.
Dilma ainda reafirmou a necessidade de uma reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e pedia mais espaço para os emergentes. “Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial. Mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada. Queremos – e podemos – ajudar, enquanto há tempo, os países onde a crise já é aguda. Um novo tipo de cooperação, entre países emergentes e países desenvolvidos, é a oportunidade histórica para redefinir, de forma solidária e responsável, os compromissos que regem as relações internacionais”, declarou.
A ex-presidente ainda lamentou a postura da ONU com relação à Palestina. No ano seguinte, a Assembleia Geral elevou o status do país para Estado-observador não-membro nas Nações Unidas, o mesmo do Vaticano.