Dilma Rousseff: solidariedade a Mélenchon

Líder político francês é vítima de lawfare e está sendo julgado por um crime que não há indícios de que tenha cometido

Reprodução

Melenchón

Todos os indícios apontam que uma injustiça pode ser cometida nos dois próximos dias, quando o líder do movimento França Insubmissa, deputado Jean-Luc Mélenchon, será julgado. O processo, tudo está a indicar, foi construído por meio de acusações frágeis e infundadas, em mais um caso gritante de lawfare – a instrumentalização de ações judiciais para eliminar adversários políticos. Ex-candidato à presidência e provável candidato na próxima eleição, com chances de vitória, Mélenchon foi acusado injustamente de “rebelião”, há um ano, quando a polícia judiciária realizou uma ação de busca na sede do movimento França Insubmissa. O assédio a Mélenchon se assemelha, nos métodos, à perseguição movida no Brasil contra o PT, contra mim e, sobretudo, contra Lula.

Um vídeo da operação que deu origem ao processo contra Mélenchon, editado maliciosamente e vazado a emissoras de tevê, forja a impressão de que ele e cinco outros integrantes do França Insubmissa, que também serão julgados amanhã e sexta-feira, desacataram os agentes. Apenas há poucos dias, quando a defesa de Mélenchon teve acesso à integra do vídeo, depois de meses de insistentes pedidos, ficou demonstrado que, na verdade, os investigados apenas exigiram o direito de acompanhar a ação de busca e, ao contrário do divulgado pelos acusadores, apesar da tensão evidente, não se opuseram à operação e tiveram um comportamento apaziguador, até pedindo calma aos policiais. Mas a imagem dos acusados já havia sido destruída pela reprodução constante nas tevês do vídeo com edição manipulada.

Trata-se de método típico do lawfare, também adotado no Brasil para criar um ambiente propício ao golpe de 2016, à prisão de Lula e à eleição de um governo de extrema-direita. Faz parte desta tática esconder informações relevantes que poderiam absolver o acusado, vazar denúncias parciais, mesmo sem provas, e contar com a cumplicidade de veículos de comunicação para enganar a sociedade, sustentando com isto julgamentos de cartas marcadas.

Estive ontem com Mélenchon e expressei a ele minha solidariedade. Juristas, advogados, líderes religiosos, além de sindicalistas, defensores de direitos humanos e personalidades da política e da cultura, têm se manifestado contra a perseguição a Mélenchon, a Lula e a inúmeros políticos de vários países que foram ou ainda são alvos de abusos jurídicos por causa de suas ideias.

Um manifesto está percorrendo o mundo, denunciando o lawfare e se solidarizando com as vítimas deste tipo de violência. Segundo o abaixo-assinado, o lawfare é cometido por meio de “campanhas degradantes, obrigando as vítimas a se justificarem interminavelmente, sem quaisquer motivos. Em seguida, o assédio continua, com prisões e multas. O lawfare sequestra os debates políticos para dentro dos tribunais. Enfim, distorce o papel das eleições, que a esta altura já deixaram de ser realmente livres.”

Eu assinei o manifesto e convido todos a fazer o mesmo.

Trata-se de um imprescindível e eloquente chamado à consciência e à resistência contra uma das maiores ameaças à democracia e ao estado democrático de direito, no Brasil, na França e onde quer que seja necessário lutar pelos direitos humanos e individuais.

Dilma Rousseff

Assine e compartilhe o manifesto neste link:

Abaixo-assinado contra o lawfare

Por Dilma.com.br

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