Em entrevista ao portal UOL na quarta-feira, 10, o ex-prefeito de São Paulo, ex-ministro da Educação e candidato às eleições presidenciais de 2018 Fernando Haddad (PT) alertou para a insistência na tentativa de criminalizar a legenda e seus principais líderes. “Eu nunca vejo uma cobertura sobre tudo o que aconteceu no país em relação ao PSL, PMDB”, destacou. “Quando se fala do PT, o assunto parece que muda de figura”, destacou Haddad.
Na entrevista, Haddad questiona a injustiça do tratamento destinado ao partido e os objetivos das críticas. Ele sugere que a posição “expressa o desejo talvez antigo da sociedade brasileira de não ver a centro-esquerda representada com capacidade competitiva”. “O desejo que parece que está por trás é sempre criminalizar toda a legenda”, alerta.
“Eu vejo na maneira de abordar o tema uma intenção sempre escondida em relação ao PT”, disse Haddad. “Nunca vi ninguém perguntar pro FHC (Fernando Henrique Cardoso) sobre os cinco governadores acusados de corrupção do seu partido”, continuou. “Dá a impressão de que a abordagem quando se trata de centro-esquerda não é a mesma. É uma coisa que envolve todo mundo”, apontou.
Lula candidato
“Para mim, Lula é o melhor candidato”, respondeu o ex-ministro, quando perguntado sobre as projeções eleitorais para 2022. “Se nós conseguirmos ter o julgamento do processo que pede a suspeição do juiz Sergio Moro, o Lula recupera os direitos políticos”, avalia. Assim, completou Haddad, “ele poderá decidir, e espero que decida favoravelmente ao pleito do PT, ser ou não candidato em 2022”.
Para o ex-prefeito, se o Supremo chegar à conclusão de que houve injustiça e promover a reparação, Lula se torna o candidato favorito. “Se depender de mim como cidadão e advogado do presidente Lula, isso vai acontecer”, reafirmou, apostando em decisão favorável do STF. “A população é que vai dar a última palavra a respeito do grande governo que ele fez”, disse.
Ministros militares
Após fazer duras críticas ao governo Bolsonaro pelo caráter fascista e pela má condução do combate à pandemia, Haddad afirmou ser contra a crítica generalizada os militares. “Sou contra criticar as Forças Armadas pela conduta dos ministros militares do Bolsonaro. Não podemos cometer esse erro que foi cometido contra outras instituições. Não pode se cometer com as Forças Armadas”, destacou.
“Eu conheci grandes militares, conheci grandes patriotas nas Forças Armadas”, ressaltou. “Acho que os militares que servem o Bolsonaro estão prestando um desserviço ao país”, em referência aos generais e oficiais da reserva que ocupam cargos na Esplanada dos Ministérios. “Nós não devemos macular as Forças Armadas em virtude da conduta equivocada de ministros do Bolsonaro”, advertiu.