Especialista no chamado “lawfare” —o uso da lei para fins políticos—, o antropólogo John Comaroff, 71, professor na Universidade Harvard, afirma que a operação Lava Jato viola a lei para criar “presunção de culpa” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” publicada nesta sexta-feira (4), ele defende a substituição do juiz Sergio Moro para acabar com a parcialidade nas ações contra o petista, como a divulgação de gravações telefônicas e o grampo no escritório dos advogados de Lula, que ele classificou como “muito ilegal no mundo todo”.
Segundo Comaroff, especialistas e formadores de opinião fora do Brasil também questionam a consistência das provas usadas pela força-tarefa da Lava Jato contra o ex-presidente.
“Ao vazar conversas privadas, mesmo que envolvam 20 pessoas, se Lula está entre elas, você sabe que é dele que a mídia falará. Isso é ‘lawfare’. Você manipula a lei e cria uma presunção de culpa”, sustentou Comaroff.
Em agosto, o STF (Supremo Tribunal Federal) considerou ilegal a parte das escutas de telefonemas do ex-presidente que havia sido feita após o período autorizado. Moro, no entanto, já havia tornado pública a íntegra das conversas.
Comaroff também questionou o grampo no escritório dos advogados do ex-presidente, o que classificou como “muito ilegal no mundo todo”.
Parece que Lula tem recebido um tratamento diferente nos aspectos legais na operação.
“Não se pode fingir que não se esperava que essas medidas contra Lula não teriam impacto. Isso demonstra uma ânsia em acusá-lo”, disse o professor. “Parece que Lula tem recebido um tratamento diferente nos aspectos legais na operação”, criticou.
“Eu estou tentando entender o caso. Meus colegas aqui em Harvard não conseguem compreender. Há fatos que perturbam a audiência internacional”, afirmou Comaroff. “O país possui um sistema legal robusto. Não há necessidade de se violar a lei.”
Diante dos questionamentos formais da defesa à conduta de Moro, o antropólogo disse que a saída do juiz do caso seria demonstração de isenção política da Lava Jato.”
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Brasil 247