Partido dos Trabalhadores

Leocrádio Gonçalves: Neoliberalismo e o Partido dos Trabalhadores

O PT é diferente dos demais partidos, pois que aberto e funcionando aos moldes de sindicato. É isso que não pode mudar e que mudou a política no Brasil

Paulo Pinto/Agência PT

O PT dá expressão ao cidadão, se conduzindo para e pelas pessoas

O Neoliberalismo quer o Estado Mínimo, mas ele precisa do ESTADO, então o MANIPULA para estar sempre a serviço do mercado. A ESQUERDA não quer um Estado Mínimo, mas sim que ele promova e mantenha a JUSTIÇA SOCIAL e ECONÔMICA.

Para esse objetivo, segundo vejo, O QUE LULA fez é fundamental e é o que tornou possível ATINGIR O OBJETIVO. Ele, entendo, teve à sua maneira a intuição que a prática do Governo em TRÊS PODERES não funciona porque OS PARTIDOS POLÍTICOS são fechados, tanto os de DIREITA como os de ESQUERDA e isso MUNDIALMENTE, aí ele vivendo e observando a VIDA SINDICAL, percebeu e liderou a formação do PARTIDO POLÍTICO aos moldes do SINDICATO, ou seja, aberto a todos e principalmente aos participantes do PARTIDO, dando expressão ao CIDADÃO e o PARTIDO se conduzindo PARA E PELAS PESSOAS.

Entendo serem estas as características do PT as quais devem ser divulgadas, assumidas, analisadas didaticamente e fortalecidas no pensamento e na consciência dos filiados, e inclusive a importância de ser o PT diferente dos demais partidos, pois que aberto e funcionando aos moldes do SINDICATO de TRABALHADORES. É essa FORMA de ser, de funcionar, que NÃO PODE MUDAR e que deu força ao PARTIDO e mudou a política no Brasil.

Já fui filiado ao PMDB e ao PSDB. Eu quis participar da vida desses partidos, não como ou para ser candidato, mas como cidadão, e não conseguia, e fui mesmo mal tratado por isso e aí percebi que só participava das decisões um pequeno grupo e, os demais, tinham que descobrir e cumprir as decisões tomadas pela MINORIA SEMPRE, e assim, me parece, acontece internacionalmente, inclusive em quase todos partidos de esquerda.

COMO EM SEU FUNCIONAMENTO E REUNIÕES, SEGUNDO VEJO, O PT REALIZA E MANTEM ESSA ABERTURA A TODOS:

1 – Tem reuniões com frequência nas quais tem uma ou mais palestras e, sempre, no final é aberta as inscrições para todos que quiserem ir à frente falar durante até três minutos pelo menos, como nos Sindicatos dignos desse nome.

2 – Dá espaço e têm sindicalistas participando dessas reuniões e, quase sempre, na composição da direção do partido. O PT conscientiza a importância dos Sindicatos, CIPA, Comissões de Fábrica, Associações de Bairros e de Moradores, Reuniões de Câmaras de Vereadores e de Deputados em grande parte porque as manifestações nas reuniões são livres, abertas.

3 – A forma das reuniões do partido dificulta que sejam candidatos pelo PT, como acontece frequentemente nos partidos, candidatos que aparecem somente nas ÉPOCAS de ELEIÇÕES, e que conseguem cadastrar GRANDE QUANTIDADE de propostas de FILIADOS nessas ocasiões.

4 – Mantém o contato dos filiados e participantes com EXECUTIVOS, no exercício ou fora do mandato, que continuam a frequentar e a se manifestar nessas reuniões aos moldes das reuniões sindicais.

5 – Essas reuniões são veículos de assuntos importantes para a cidade, estado e nação, pois que abertas a manifestação e a participação de todos.

6 – Cursos, particularmente de Administração Pública, da Escola Nacional de Formação do PT e da Fundação Perseu Abramo, Congressos etc…

7 – Os grupos de linhas políticas diferentes existentes dentro do Partido incorporam a prática boa da AFINIDADE segundo a qual se formam, ampliando a força de UNIÃO, da SIMPATIA pelo partido, possibilitando a convivência de pensamentos diferentes na esquerda e daí praticando, eu entendo, o cerne da democracia que NÃO é necessariamente o CONSENSO e sim, a MAIORIA.

Uma parte da Classe Média brasileira é CORRETAMENTE criticada por parte da ESQUERDA, instrumento que é do NEOLIBERALISMO, entretanto entendo que a Classe Média mundial faz o mesmo papel que a brasileira, sendo a daqui MUITO PIOR, no entanto, como são de mesma linha de pensamento e ação, eu entendo que o PROBLEMA não vai ser diminuído focando a NOSSA CLASSE MÉDIA, o fato grave será apenas MOSTRADO, mas a solução está no PT, na sua forma de funcionamento que enumerei acima, porque, a CLASSE SIMPLES BRASILEIRA, conforme entendo que Darcy Ribeiro esclarece em seu ótimo livro “O Povo Brasileiro”, é ela que CARACTERIZA o Brasil, então o PT aberto como é possibilita pelas manifestações inúmeras nas suas reuniões que, essa CARACTERÍSTICA vá tomando corpo e se firmando como um direito e modo de ser LEGITIMADO pela organização partidária e força POLÍTICA, para SER e ou participar do GOVERNO. Um aspecto importante que já se destaca dessa realidade é que a presença de PETISTAS DA CLASSE MÉDIA, participantes e presentes às reuniões, não sofrem redução de espaço e nem causam constrangimento, porque são também o POVO BRASILEIRO e não elementos da CLASSE MÉDIA QUE IMITA A EUROPÉIA e a da AMÉRICA SAXÔNICA.

Tem pessoas no PT que dizem “se tal ou tais pessoas vão fazer parte de tal Comissão, eu estou fora” porque não se aceitam, mas no SINDICALISMO quem está presente nas reuniões é porque trabalha na EMPRESA, já no PT, num partido político, é porque gosta do PT, do partido, então o fortalecimento e a prática da FUNDAMENTAL FRATERNIDADE é muito mais adequado do que no Sindicalismo.

Na Revolução Francesa foi estabelecida como meta a LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE e, analisando estes valores tão fundamentais para a humanidade vejo que, se for estabelecida primeira a LIBERDADE ou a IGUALDADE, e mesmo as duas juntas, acontecerá que o GANANCIOSO, antifraterno, vai usar esses direitos e LEVAR VANTAGEM, assim destruindo-os, então precisa existir primeiro a FRATERNIDADE entre as pessoas, a qual garantirá a prática CONSTANTE da LIBERDADE e da IGUALDADE, pois todos sendo FRATERNOS, ninguém irá LEVAR VANTAGEM, nem abusar ou prejudicar o outro como acontece bastante no CAPITALISMO. A prática da fraternidade não dá para ser já, mas entendo que ela precisa ser relembrada da Revolução Francesa para valorizar o conceito e ver com simpatia a importância da sua prática entre nós.

A Revolução Francesa, como sabemos, foi a que acabou com a MONARQUIA, com os Reinados, e criou o CIDADÃO e entendo que Napoleão, embora seu choque com a Revolução, ELE evitou que os REINADOS subjugassem a FRANÇA obrigando-a a continuar MONARQUIA, como fizeram a Inglaterra e a Áustria que invadiram a França para salvar o Rei Luís XVI, mas que foi guilhotinado, assim, NAPOLEÃO defendeu a França de voltar a ser MONARQUIA, e influenciou e lutou consequentemente pelo término da MONARQUIA na Europa.

O Capitalismo e mais ainda, o Neoliberalismo são formas de EVITAR o CIDADÃO, a democracia PLENA, pois o que domina na verdade é o DINHEIRO, o MERCADO e, aí, o SOCIALISMO é o correto e justo funcionamento dos TRÊS PODERES, enfim a DEMOCRACIA REAL, é a valorização e o respeito do CIDADÃO, deixando de ser o DINHEIRO o valor e sim o SER HUMANO. Mas isso, sabemos que está longe. Tem a MÍDIA, JUROS ALTOS, O MERCADO, PARAÍSOS FISCAIS, O DEUS CONSUMO, A CRIANÇA ASSINTINDO TV demais e perdendo a capacidade da IMAGINAÇÃO tão vital para o ser humano. Então é preciso tempo e a valorização da POLÍTICA, dos PARTIDOS e da PRÁTICA de POLÍTICA. É preciso conscientizar as PESSOAS, a POPULAÇÃO da prática da MÍDIA e do que é o GOVERNO NEOLIBERAL, assim como, conscientizar o POVO do que é e do que faz um governo NÃO CAPITALISTA, NÃO NEOLIBERAL e isso pela Escola Nacional de Formação do PT e a Fundação Perseu Abramo, como acima citado.

No livro “Chaves da Sociologia”, de Georges Lapassade e René Lourau, Editora Civilização Brasileira, lê-se: (destaques meus): “Encontra-se…na…posição de identificação com uma forma social, e com uma ideologia, o equivalente da identificação com o SISTEMA TEOCRÁTICO da MONARQUIA … e com a IDEOLOGIA RELIGIOSA, identificação que CESSOU oficialmente de ser considerada NATURAL desde a REVOLUÇÃO FRANCESA (1789-1799). Alguns anos antes de 1789, a ideia de derrubar a MONARQUIA, ou de OBRIGAR o REI a COMPARECER PERANTE UM TRIBUNAL, era considerada, na melhor das hipóteses, uma pilhéria. A ideia segundo a qual a IGREJA podia deixar de ser MESTRA e TUTORA do homem, do berço ao túmulo, não ocorria a ninguém, a não ser a alguns filósofos materialistas muito mal vistos pela maioria dos “progressistas” da época.

Quando a ideia de uma REVOLUÇÃO SOCIAL que transformasse não apenas o DIREITO e a CONSTITUIÇÃO (o que foi obra da REVOLUÇÃO POLÍTICA operada pela burguesia vitoriosa), mas também as relações sociais na produção, só irá acudir a RAROS EXTREMISTAS logo chamados à razão pelos PRÓPRIOS DIRIGENTES REVOLUCIONÁRIOS: os “Enfurecidos” e Babeuf, anunciadores da futura evolução econômica e social, só podiam ser condenados pela “linha” oficial da revolução que atingia o clímax”.

Por Leocrádio Gonçalves, aposentado da Petrobras e filiado ao PT, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.