Não pode haver esperança num Brasil governado pelo mercado, pelo capital rentista e envenenado por um monpólio midiático em conluio com as superestruturas de poder(STF, MPF, PF, Congresso), num processo de vassalagem dos interesses do grande capital internacional.
Não é preciso dizer que o PT cometeu erros ao subestimar a direita que tem o pleno domínio da situação e conhece todas as variáveis e suas consequências. Não regulamentou a mídia que tem a pauta alimentada pelos interesses neoliberais; colocou no centro do governo figuras espúrias e avessas a um processo democrático e, por fim, ignorou a permanente luta de classes, compreensão inarredável para compor um governo num país dominado pelo mercado e suas regras.
É necessário que recusemos os nossos limites analíticos e os fundamentos de nossas teses, alimentando a esperança de nosso povo com a compreensão da pirâmide social e a força que cada camada dela tem no processo político.
O enfraquecimento dos Estados nacionais e os tratados de livre comércio são eixos do rearranjo do sistema para superar mais um ciclo fracassado do capital. Na Europa, por exemplo, os partidos sociais-democratas aderiram à política suicida de austeridade, que, de certa forma, o PT adotou no último período do governo Dilma. Neste processo globalizado, a disputa da esquerda deve se concentrar na base da pirâmide social e não em conluio com os interesses dos partidos da direita. O desmonte dos direitos sociais enfraquecem os partidos de esquerda e as organizações dos trabalhadores. O desemprego deliberadamente provocado é um dos eixos dessa política neoliberal. A desterritorialização dos investimentos econômicos na globalização exige o desemprego e a rotividade da mão-de-obra, por isso os governos petistas desafiavam a exploração da força de trabalho e dos recursos naturais pelo capital. Para este, o golpe era necessário e já estava sendo articulado há muito tempo, inclusive nos EUA.
O capital, em conluio com a mídia e o judiciário, tentam desmoralizar o Lula e o PT. O que está por trás disso é o encobrimento do desmonte do País. É necessário que o Lula e o PT falem ao povo sobre os propósitos dessa campanha difamatória.
O sucesso da manipulação da mídia ficou estampado no anti-petismo, expresso nas eleições passadas. A polícia mata em nosso nome e o povo, amordaçado, aplaude. Também é necessário defender o Lula por todos os petistas, pois se não o defendermos, não há defesa para ninguém. O alto da pirâmide não tem e nunca teve pudor.
Basta rever a história: na ditadura a censura, a tortura as graves injustiças praticadas pelos agentes públicos esqueciam os escrúpulos; o nazismo, na Alemanha e Itália, praticou horrores; o golpe chileno contra Allende também; os EUA não ficam de fora quando se trata de intervenções e até mesmo internamente, como na década de cinquenta, com o macartismo. Hoje, a (in)justiça brasileira anistia milhões de dólares da privataria tucana, das mega-empresas e dos políticos aliados. Vivemos uma época do período primitivo da humanidade.
O sistema capitalista nunca produziu e não vai produzir democracia para todos, somente uma democracia de classe, o que o PT tem ignorado. O governo neoliberal do Temer e dos tucanos tem um perfil claro de retrocesso ao escravismo. Himmler, nos seus discursos secretos, pregava um regime escravista. O Japão manifestava, na guerra colonial contra a China, o mesmo objetivo.
O desmonte das conquistas sociais tem o objetivo de desqualificar os “inferiores”. Os três poderes da República aderiram, sem nenhum pudor, a esse projeto escravista. Isso está estampado nas decisões das Cortes superiores, tanto no STF, como na área trabalhista. O Congresso vem aprovando o desmonte ditado pelo Executivo, com o encobrimento da grande mídia. Manifestações de deputados e líderes de direita, como Bolsonaro, tem demonstrado cristalinamente esse objetivo. O PT perdeu a hegemonia da esquerda e não reconquistará se não tomar atitudes vigorosas em defesa do País, denunciando os propósitos do golpe.
A resistência tem que começar pela base da pirâmide social. O Congresso do PT pouco mudará se o partido não convocar um levante nacional, um Congresso de grande amplitude, com a participação de todos os movimentos sociais progressistas, sob a direção deles. Os trabalhadores organizados, as ONGs, MST, Pastorais, associações e cooperativas, enfim, todas as entidades representativas do povo. A luta é muita mais ampla que a dos os movimentos setoriais, é a luta pela sobrevivência de um projeto que deu certo. Não haverá eleição do Lula ou de outro militante de esquerda sem um levante em defesa do Brasil. Sem a resistência em massa, eles golpearão antes ou depois das eleições.
Um grande movimento nacional, além de politizador, reacenderá a esperança moribunda da maioria.
Por Luiz Augusto Rodrigues, secretários de Finanças do DM Rio Pardo-RS, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.