Após lançar o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com recursos de R$ 1,7 trilhão, o governo Lula já trabalha para o cumprimento das metas da maior política de investimentos do país. Para isso, nos próximos meses, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, vai percorrer todas as unidades da federação para conversar com governadores e representantes da sociedade sobre as iniciativas voltadas ao crescimento econômico com distribuição de renda. Lula falou sobre o assunto nesta segunda-feira (14), durante a live Conversa com o Presidente.
“Agora, o companheiro Rui Costa, como chefe da Casa Civil, vai viajar o Brasil, apresentando o PAC em cada estado e discutindo com as pessoas do estado o PAC, inclusive com os governadores. Se algum governador não quiser discutir, paciência, nós vamos discutir com o povo, porque é muita coisa que nós estamos colocando de investimento para os próximos quatro anos”, disse o presidente ao jornalista Marcos Uchôa, da EBC.
O Novo PAC foi lançado no dia 11, durante solenidade no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Serão aplicados, em todas as unidades da federação, R$ 1,4 trilhão até 2026 e R$ 300 bilhões após esse ano, com foco em crescimento econômico, sustentabilidade, inclusão social, redução das desigualdades regionais, transição ecológica, neoindustrialização, geração de emprego e renda. O governo estima que 4 milhões de postos de trabalho sejam gerados com as ações do programa.
Durante a live, o presidente ressaltou que, além de promover o desenvolvimento e melhorar as condições de vida dos brasileiros, o Novo PAC vai contribuir para a redução do Custo Brasil, um fator de atração de investimentos.
“Nós queremos fazer as rodovias, as ferrovias que precisam ser feitas nesse país, e vai precisar de muito dinheiro. Então, o que nós queremos é baixar o Custo Brasil, melhorando as condições de infraestrutura para todo o território nacional”, disse o presidente. “Por isso que nós começamos a fazer uma coisa que é nova. Enquanto o governo anterior brigava com governador, nós convidamos todos os governadores do Brasil, os vinte e sete, a apresentarem propostas. Todos apresentaram propostas”, disse Lula, em referência à reunião realizada com todos os governadores, no Palácio do Planalto, em janeiro, com o objetivo de restabelecer o diálogo federativo.
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O presidente destacou também que as diversas ações já adotadas pelo governo serão reforçadas pelo Novo PAC com o objetivo de reverter a situação de abandono enfrentada pelo povo brasileiro desde o golpe contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, atual presidenta do Banco dos Brics.
“Quando se cresceu nesse país, a gente não distribuiu [renda] corretamente. Só veio distribuir corretamente quando nós tomamos a Presidência, em 2003, que nós conseguimos tirar 36 milhões da miséria absoluta, elevar 40 milhões de pessoas a um padrão de classe média baixa, a um padrão de consumo de classe média, mas tudo isso acabou. Depois do golpe na Dilma e depois dos quatro anos do ex-presidente da República, tudo isso acabou”, lamentou Lula. “Então, nós tivemos que demorar seis meses para recompor todas as nossas políticas de inclusão social, todas elas, e, agora, nós anunciamos o que vai acontecer nos próximos anos”.
Segundo o presidente, “nós queremos cumprir as metas que estabelecemos no PAC, nós queremos investimentos do governo, do Orçamento Geral da União, nós queremos investimentos de financiamento dos bancos públicos brasileiros, nós queremos construir PPP para que os empresários possam participar ativamente da reconstrução desse país”.
Lula também criticou a incompetência do governo passado, que aplicou apenas R$ 21 bilhões em infraestrutura em quatro anos. “Nós, só neste ano, estamos investindo R$ 23 bilhões”, sublinhou, ao lembrar que, quando reassumiu a presidência, encontrou o país com 14 mil obras paralisadas.
“Nós estamos retomando todas elas para que a gente possa tirar o Brasil da fotografia de um canteiro de obras paradas para um país de uma fotografia de obras funcionando, de trabalhadores trabalhando, ganhando salário e, por isso, a partir de agora, eu vou começar a viajar para visitar esses locais em que tem muitos trabalhadores trabalhando para mostrar que nós viemos para fazer a economia crescer, viemos para distribuir riqueza”, frisou o presidente. “Portanto, o povo tem que participar do PIB, e viemos para melhorar as condições de vida do povo. É tudo isso, Uchôa, que está embutido nesse PAC”.
O presidente voltou a criticar os gastos estratosféricos dos países ricos com armas e guerras, da ordem de R$ 2,2 trilhões, e disse que esses recursos poderiam estar sendo aplicados para promover o desenvolvimento sustentável e a melhoria de vida da população mundial.
“Nós queremos gastar com investimentos nas coisas que vão gerar melhorias na qualidade de vida das pessoas. O nosso PAC prevê investimentos públicos e privados de um trilhão e setecentos bilhões. Meio aquilo que eles gastaram com guerra, mas, só na transição energética, nós vamos gastar o equivalente a quinhentos e quarenta bilhões de reais”, detalhou. “Investimentos para produzir eólica, para produzir solar, para produzir biomassa, para produzir biodiesel, para produzir etanol, para produzir coisas que possam significar que a gente vai ter uma indústria verde”.
Amazônia
Ao fazer um balanço da semana passada, Lula afirmou ter sido “excepcional” a Cúpula da Amazônia, realizada em Belém (PA) com a participação de todos os oito países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) – Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela – e, como convidados, República do Congo, República Democrática do Congo e Indonésia, que, igualmente, abrigam grandes florestas. O encontro contou ainda com a presença de representantes de países como Noruega e Alemanha, os maiores doadores do Fundo Amazônia, que financia projetos de preservação da Amazônia.
“Eu, sinceramente, já fui presidente durante oito anos, voltei agora a ser presidente, eu nunca tinha participado de um encontro tão memorável como esse, com a participação de todos os países que têm território da Amazônia, que têm floresta em pé”, pontuou o presidente. Ele comemorou também o sucesso dos Diálogos Amazônicos, que antecederam a cúpula e tiveram a participação, em Belém, de mais de 30 mil representantes da sociedade civil organizada.
Lula ressaltou que todas essas discussões serão importantes para os países amazônicos apresentarem uma agenda conjunta para o desenvolvimento sustentável da região durante a COP-28, que será realizada, em novembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. “Nós queremos entregar a Amazônia com desmatamento zero”, afirmou.
Democracia
Outro tema abordado na live foi a democracia, fortemente atacada durante o governo passado, por meio de ações premeditadas que culminaram na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro.
“A democracia não é um pacto de silêncio, um pacto em que ninguém pode falar nada. A democracia não é o pensamento único, só tem um lado. Não, a democracia é uma sociedade viva, uma sociedade alerta, uma sociedade que reivindica, uma sociedade que briga, uma sociedade que luta, uma sociedade que cobra, uma juventude que pede mais e cada vez pede mais, porque precisa ter cada vez mais para a gente construir o futuro desse país”, sublinhou Lula.
O presidente acrescentou que o Brasil é “especialista” em democracia e que, por essa razão, os golpistas foram derrotados. “Por isso é que nós derrubamos o golpe do dia 8 de janeiro, a tentativa frustrada dos golpistas desse país”, afirmou.
Sem citar nomes, o presidente fez referência ao novo escândalo envolvendo Jair Bolsonaro, o embusteiro que se diz patriota mas é apontado pela Polícia Federal como suspeito de desviar e traficar jóias de alto valor do patrimônio da União.
“Agora, está aparecendo o tipo de gente que é, agora começa a aparecer o tipo de gente que nós derrotamos. E eu espero que o povo brasileiro tenha a consciência de que quanto mais forte for a democracia, quanto mais viva estiver a sociedade, quanto mais forte for o movimento sindical, o movimento estudantil, quanto mais reivindicarem os cientistas brasileiros, quanto mais reivindicarem os artistas brasileiros, mais forte a nossa democracia será. É esse o Brasil que eu quero”, enfatizou.
Lula acrescentou que “aquelas pessoas que têm um demoniozinho dentro, que estão radicalizando, xingando gente, ofendendo gente, desejando morte às pessoas, essas pessoas têm que ser banidas da política, têm que ficar no ostracismo”.
Paraguai
O chefe do governo brasileiro também falou sobre a viagem que fará para participar da posse do novo presidente do Paraguai, Santiago Peña, que vai ocorrer nesta terça-feira (15). As duas nações mantêm relações em diversas áreas, com destaque para energia e defesa.
“É importante, primeiro, porque é um novo presidente, é um jovem que, me parece, tem uma cabeça muito inteligente, é um jovem que tem preocupação com a relação com o Brasil”, disse Lula. Ele defendeu o fortalecimento da cooperação entre os dois países para que “o Paraguai seja um parceiro privilegiado na relação com o Brasil”.
Da Redação