O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu abertamente o afastamento do presidente Jair Bolsonaro do poder, diante do comportamento errático e irresponsável no enfrentamento da pandemia do coronavírus. “É preciso começar o ‘fora, Bolsonaro’ porque não é possível a gente permitir que ele destrua a democracia”, defendeu. “As instituições já deveriam ter reagido. A única coisa que o Bolsonaro não faz é dizer onde está o Queiroz e quem mandou matar a Marielle. Ele não responde nada”.
O ataque de Lula a Bolsonaro consolida a posição majoritária dentro do PT, de endossar uma campanha de mobilização contra a permanência de Bolsonaro. “A verdade é que o Bolsonaro não tinha condições de governar o Brasil em tempos de normalidade, quanto mais nessa crise”, disse Lula, em entrevista à rádio Povo do Ceará.
Lula condenou a falta de cooperação entre Brasília e os estados, pela falta de sensibilidade do presidente da República. “O problema do Bolsonaro é que ele não pensa em governar o país. Ele transformou os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e do Nordeste em inimigos”, condenou. “Bolsonaro fala em preservar empregos, mas na prática manda medidas provisórias pra prejudicar os trabalhadores e retirar direitos”.
O PT cobra do governo federal que ajude estados e municípios com recursos, tendo em vista as precárias condições de governos e prefeituras administrarem sozinhos a gestão da saúde pública, que está entrando em colapso nas principais capitais do país, inclusive no Nordeste. O Ministério da Saúde anunciou que pretende realizar 46 milhões de testes, mas se recusa a apresentar um cronograma e prazo para as entregas do material.
Ontem, o Diretório Nacional do PT endossou a campanha “Fora, Bolsonaro” e, em documento aprovado, exortou os brasileiros a pressionarem por mudanças na política. “O Brasil e as instituições estão diante de uma escolha entre Bolsonaro ou a democracia. Entre Bolsonaro ou a retomada do crescimento econômico e da inclusão social. Entre Bolsonaro ou a defesa da vida”, diz a legenda, em nota.
A grande crítica de petistas é que o governo faz pouco pelos que mais precisam e atua para criar instabilidade política ao investir contra a democracia, justamente quando o país atravessa a sua mais grave crise sanitária. O partido também condena o desprezo do presidente da República para a maioria do povo brasileiro, que vive em condições precárias, mas não deixa de atender ao sistema financeiro.
“Os bancos se beneficiam de um pacote de R$ 1,2 trilhão, mas não há crédito de emergência para as empresas nem mesmo pelos bancos públicos”, aponta resolução do Diretório Nacional do PT. “O governo diz, cinicamente, que defende os microempreendedores, as pequenos e médias empresas, mas suas ações levam à destruição dessa força econômica, ao contrário de todos os países que estão financiando diretamente os mais afetados pela crise”.