Partido dos Trabalhadores

Lula: “Com harmonia, vamos reconstruir o país, gerar empregos e vencer a fome”

No último debate presidencial, Lula promete pacificar e fazer o país crescer em 2023. Nocauteado, Bolsonaro admite derrota e pede voto para deputado federal, confessando que nunca se sentiu presidente

Em debate histórico, Lula desmontou todas as mentiras de Bolsonaro (Foto: Ricardo Stuckert)

A reconstrução do Brasil terá início neste domingo (30), nas urnas de todo o país, com um processo de pacificação nacional. Assim se dirigiu à Nação o ex-presidente Lula, no último debate presidencial, realizado nesta sexta-feira (29) pela Rede Globo. Lula afirmou que é preciso deixar para trás o tempo de ódio e violência bolsonarista e retomar a construção de um tempo de harmonia, com emprego, prosperidade e o fim da fome e da extrema pobreza.

Durante o debate, Bolsonaro se esquivou de todas perguntas e não explicou porque não governou nos últimos quatro anos. Ao final, nocauteado, o extremista admitiu a derrota e pediu voto para deputado federal, cargo que ocupou por 28 anos com a apresentação de apenas dois projetos no currículo. Ao fim, involuntariamente, Bolsonaro reconheceu que nunca honrou o cargo que ocupa.

Os melhores momentos que esse país viveu nessas últimas décadas foi no tempo que eu governei esse país”, lembrou Lula, ao se dirigir ao povo brasileiro. “A cultura funcionava, a educação funcionava, o povo trabalhava, o salário aumentava”, destacou o petista. “Durante o meu período de governo, o salário aumentou todo ano acima da inflação, e a gente pode reconstruir esse país, depende única e exclusivamente de você ir votar no domingo”, pediu. “Votar no 13 para gente poder voltar a consertar esse país, fazer o país crescer, gerar emprego, distribuir renda e o povo voltar a comer bem”.

Lula começou o debate colocando Bolsonaro nas cordas ao perguntar porque o extremista de direita nunca aumentou o salário mínimo. “Durante quatro anos, ele governou o país e não deu 1% de aumento real para o salário mínimo”, observou. “Não deu aumento para a merenda escolar, que hoje é de apenas 36 centavos. Essa é a verdade, o povo sabe porque está sentindo na carne, está passando fome e desempregado”, atacou Lula. “A verdade é que o salário mínimo hoje é menor do que quando ele entrou. No meu governo, eu aumentei o salário mínimo em 74%.”

Bolsonaro mentiroso

Lula fez questão de lembrar que Bolsonaro mentiu no exercício do poder por pelo menos 6.489 vezes. “Só no programa de televisão dele ganhamos 6o direitos de resposta por conta das mentiras”, relatou. “A imprensa diz, textualmente, que o presidente é o maior mentiroso da história, fora a campanha”, desmascarou o ex-presidente. No debate, Bolsonaro mentiu o todo o tempo.

Lula desmentiu Bolsonaro sobre acusações de que o Bolsa Família era insuficiente para atender as famílias de baixa renda. “O Bolsa família era apenas um dos programas da política de distribuição de renda que fizemos”, explicou Lula. “Havia condicionalidades de a criança estar na escola, de tomar vacina, as mães fazerem tratamento para o parto, havia programa de compra de alimentos da agricultura familiar, Pnae, cisternas, Luz para Todos, era um conjunto de políticas públicas que fez com que, no meu governo, a economia vivesse um dos melhores períodos da história”, argumentou.

O petista deu o primeiro nocaute em Bolsonaro ao desmascarar o fato de que o Auxílio Brasil não irá continuar no ano de 2023, em caso de vitória do extremista nas eleições. “Bolsonaro não sabe o que é uma cisterna, o que é um cidadão ter luz pela primeira vez em casa e poder comprar uma máquina para fazer suco e ter uma forma de ter renda”.

Brasil empobrecido com Bolsonaro

No segundo bloco, Lula escolheu o tema Combate à Pobreza, e voltou a encurralar Bolsonaro, ao descrever como era a vida dos brasileiros quando foi presidente. “O povo brasileiro tinha dinheiro para comprar comida, para trocar de geladeira, de fogão, de máquina de lavar roupa, tinha dinheiro para viajar para dentro e para fora do Brasil”, contou o ex-presidente.

“Hoje, o Brasil está empobrecido. Hoje, li na Folha de S. Paulo, que existem 24 milhões de pessoas que não têm suficiente para comer em casa”, disse Lula. “Eu gostaria de perguntar ao presidente por que o povo ficou tão miserável depois que ele assumiu a Presidência”. Bolsonaro não respondeu e desviou o assunto citando dados do Ipea, instituto acusado de ter sido aparelhado para dar suporte às narrativas falsas do presidente.

“Nós sabemos é que tem 33 milhões de pessoas passando fome, que não tem o que comer em casa. E eu queria saber quando é que o presidente vai resolver esse assunto”, cobrou Lula, mas Bolsonaro fugiu novamente. “Porque o povo ainda está na fila do osso, ainda está comendo carcaça de frango, e o preço do alimento básico do povo está muito caro. É só ir no supermercado para ver”, insistiu Lula.

Previdência

Houve outro momento no qual Bolsonaro passou vergonha diante dos fatos expostos por Lula, caso da reforma da previdência. “Vocês fizeram uma reforma da Previdência, em 2019. Por acaso o Guedes te orientou o que vocês fizeram com o aposentado? Você sabe que vocês reduziram a quantidade de dinheiro que os pensionistas recebem?”, indagou Lula.

“Você sabe que aumentaram o tempo da mulher para se aposentar? Que reduziram o dinheiro dos aposentados e do trabalhador que trabalha o tempo inteiro? Se o Guedes não te falou, no intervalo, liga para ele, para ver porque o povo está passando fome”, aconselhou Lula.

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Ao ouvir a desculpa esfarrapada de Bolsonaro de que não seria possível promover aumentos por “cláusula pétrea”, Lula retrucou: “Por favor, entra no Google. Pede para a sua assessoria entrar no Google e ver se o Guedes não falou que ia acabar com 13º e férias. Aliás, o que ele diz, você acredita”.

“O benefício para pessoas com deficiência passou de pouco mais de 30 dias para a pessoa receber para 446 dias. O benefício de acidente de trabalho passou de 25 dias para 212 dias. O amparo social ao idoso passou de 11 dias para 228 dias. Um trabalhador que poderia se aposentar com R$ 2 mil, hoje se aposenta com R$ 1.300”, revelou Lula.

“E um pensionista que ganharia R$ 2 mil, hoje ganha R$ 1 mil. É isso que você fizeram de reforma. Ou seja, é sempre em cima do povo pobre, do povo trabalhador. É por isso que o povo está com fome. É por isso que os R$ 600 não resolveram”, sentenciou. 

Desculpas ao Brasil

Lula encerrou o segundo bloco pedindo desculpas à população pelas sandices e destemperos de Bolsonaro, reforçando sua disposição em debater os grandes temas e desafios nacionais para melhorar a vida do povo, mesmo após ganhar direito de resposta por mais uma mentira dita por Bolsonaro sobre aposentados. “Eu, sinceramente, queria pedir desculpas à Rede Globo de televisão. Porque esse comportamento insano é o que vem governando o Brasil há praticamente quatro anos”, lamentou.

“Eu estou aqui para a gente discutir o seguinte: o que a gente vai fazer neste país? Eu vou começar a falar, a partir do próximo bloco, a falar de programa de governo. Eu vou dizer o que que eu vou fazer. Que tipo de política de desenvolvimento eu vou fazer”, apontou.

Negligência na pandemia

Lula voltou a cobrar Bolsonaro por sua negligência no combate à Covid-19. Ele gerou quase 700 mil mortos no país, negou vacina por 45 dias e a própria letalidade do vírus. Lula denunciou ainda que Bolsonaro esvaziou os recursos da saúde, a exemplo de programas como o Farmácia Popular, que perdeu 33% em recursos.

“Se ele tivesse seguido a orientação dos governadores do Nordeste, teríamos no mínimo 200 mil mortes a menos. Um dia vai bater na consciência dele a responsabilidade por pelo menos metade das mortes. Ele, desumano como é, não foi visitar uma pessoa que perdeu um parente”, lamentou o petista.

“Em seguida, Lula deu uma aula sobre políticas públicas voltadas para a área de saúde. “Os números do meu governo: 18 mil vagas pelo Mais Médicos em 3,9 mil municípios, 1.033 centros do Brasil Sorridente, 40,2 mil equipes do Saúde da Família, 2.525 ambulâncias e 583 UTIs pelo SAMU. O Orçamento da saúde aumentou 78% acima da inflação”, elencou, para desespero de Bolsonaro.

“Sabe o que Bolsonaro fez a mais? Comprou 35 mil caixas de viagra para Forças Armadas”, disse, finalizando com um agradecimento aos profissionais do SUS e sua atuação na pandemia.

Segurança pública e Roberto Jefferson

Lula refutou a tese preconceituosa de Bolsonaro de que só há criminosos nas favelas do país. “Fui ao Complexo do Alemão visitar gente extraordinária”, apontou Lula, “para tratar todo mundo com respeito, gente trabalhadora, que quer a chance de estudar, que não quer ser vitimado pela polícia”.

“Eu fiz a maior campanha de desarmamento do país. E no meu governo nós vamos distribuir livros, cultura. Acesso às coisas que educam, não que matam”, anunciou Lula.

Ele condenou a ligação tenebrosa de Bolsonaro com Roberto Jefferson. “Sabe qual o modelo de cidadão pacífico do Bolsonaro? O Roberto Jefferson, armado até os dentes atirando na Polícia Federal”, denunciou. “Bolsonaro mandou até seu ministro negociar para o Roberto Jefferson, seu amigo. Por isso ficou nervoso. Chegou a dizer que não tinha foto com ele, e a imprensa mostrou suas fotos com ele”, ironizou.

Cortes de verbas de programas para mulheres

Bolsonaro também não soube responder porque autorizou cortes de verbas de programas para mulheres. “Por que Bolsonaro cortou praticamente toda a verba dos programas que protegem as mulheres da violência?”, indagou Lula.

“Quem criou o ministério das Mulheres fomos nós. Quem fez o Minha Casa Minha Vida para mulheres fomos nós. Se teve um governo que cuidou das mulheres com respeito foi o nosso. As mulheres não podem ser vítimas de violências absurdas como são hoje”, justificou Lula.

Empregos

Falando sobre o desafio da geração de empregos no país, Lula criticou a precarização do trabalho do atual governo. “Mudaram a lógica da medição de emprego, colocaram o MEI como se fosse emprego, emprego informal como se fosse emprego. No meu tempo a medição de emprego era carteira profissional assinada”, alegou Lula. O petista assegurou que os empregos formais voltarão.

“Vou me reunir com governadores para estabelecer um programa de desenvolvimento do país”, reafirmou Lula. “Os prefeitos do Brasil sabem que nunca antes um presidente tratou eles com a dignidade que eu tratei. Tínhamos  uma sala para receber prefeitos. E isso nós vamos voltar a fazer, porque é na cidade que surgem os problemas do povo”.

“Nós geramos 22 milhões de empregos com carteira profissional”, lembrou. “Vamos rediscutir a CLT para que os trabalhadores não sejam tratados como escravos, eles têm o direito a segurança social, o que não têm hoje”, justificou. “O povo já viu o país crescer, gerar empregos. O que não dá é para acreditar em fantasias. O salário mínimo não teve aumento real em todo o mandato do Bolsonaro e agora ele vem com a cara de pau prometer que vai fazer. Não vai”.

Pedido final

O debate foi encerrado com um pedido final: “Eu espero que tenha merecido a sua consideração e peço para você votar no 13. Votar no 13 para gente poder voltar a consertar esse país, fazer o país crescer, gerar emprego, distribuir renda e o povo voltar a comer bem”.

Da Redação