O presidente Lula participou, nesta quinta-feira (14), da abertura da 4ª Conferência Nacional de Juventude, em Brasília. Em meio à assinatura de vários atos em favor dos brasileiros de 15 a 29 anos, ele anunciou que, até 2026, o país contará com 100 novos institutos federais, que vão se somar aos mais de 360 que foram construídos pelos governos anteriores do PT. Lula também reconheceu a importância da luta dos jovens para sua volta à presidência e os convidou a atuarem por uma maior conscientização política da sociedade.
A conferência acontece até o próximo domingo (17), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, no contexto da retomada do diálogo entre o governo e a sociedade. O tema do evento é “Reconstruir no Presente, Construir o Futuro: Desenvolvimento, Direitos, Participação e Bem-Viver”.
No discurso, Lula tratou os jovens como “parceiros” na construção de uma série de políticas públicas importantes, incluindo o que ele chamou de “revolução na educação”. Citou, entre outras, iniciativas como Programa Universidade para Todos (Prouni) e o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) – entre 2003 e 2014, foram criadas 18 universidades federais e 173 campus universitários.
O presidente garantiu que o governo fará ainda muito mais para melhorar as condições de vida desse segmento da sociedade, incluindo investimentos em formação profissional. “Eu quero dizer para vocês que nós vamos, ainda neste meu mandato, fazer mais cem institutos federais nesse país para que a gente possa suprir a ausência de vagas para a juventude aprender uma profissão e ter um emprego digno e um salário justo”, disse.
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Ao mesmo tempo, Lula observou ser importante também que os jovens se preocupem em buscar o atendimento não apenas a suas demandas específicas, mas de toda a sociedade.
“Tem uma coisa que a gente não pode abdicar. O movimento sindical, ele se enfraqueceu quando a luta virou uma luta eminentemente economicista. E a luta de vocês não pode ser apenas uma luta de conquista por objetivos e interesses momentâneos. É preciso que a gente tenha aprendido a lição da importância da democracia neste país e o que aconteceu há apenas seis anos, que a gente perdeu o direito de exercer a democracia nesse país”, disse o presidente, em referência aos retrocessos verificados a partir do golpe contra a presidenta Dilma Rousseff.
Lula acrescentou que “vocês perceberam que não só eles destruíram tudo que a gente tinha feito, como eles conseguiram evitar que o movimento social se organizasse, que os professores reagissem, que os cientistas reagissem e eles foram acabando coisa por coisa que nós tínhamos feito”. Nesse contexto, o presidente destacou que os jovens têm um grande potencial para construir uma sociedade mais politizada, justa e solidária.
“Muitas vezes nós falamos conosco mesmo. Muitas vezes a gente adora fazer discurso para nós mesmos. É uma reunião que a gente discute o dia inteiro. E depois a gente aprova uma outra reunião para discutir a mesma coisa. Vamos discutir com aqueles que não são nossos. Vamos politizar esse país. Vamos formar novos socialistas nesse país. Vamos formar mais gente de esquerda nesse país. Vamos parar das nossas reuniões que terminam não acontecendo nada”, afirmou Lula, acrescentando que os jovens já deram demonstrações de que têm grande potencial para isso.
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“Vocês tiveram uma batalha muito grande nesse país para ajudar a gente a conquistar a democracia do Brasil. Vocês tiveram muita solidariedade quando eu tive 580 dias na Polícia Federal em Curitiba. Vocês tiveram muita coragem quando ousaram não acreditar em todas as canalhices e mentiras que foram montadas pela elite brasileira para não permitir que eu voltasse a ser presidente da República desse país. E vocês conseguiram o intento de me eleger presidente da República. O que eu acho mais importante de tudo isso é vocês terem feito essa batalha, terem perseverado”, afirmou.
Retomada do diálogo
Lula foi ovacionado ao chegar à conferência, acompanhado da esposa, Janja Lula da Silva, e dos ministros Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência da República), Anielle Franco (Igualdade Racial), Margareth Menezes (Cultura), Silvio Almeida (Direitos Humanos e da Cidadania) e Luciana Santos (ciência, Tecnologia e Inovação). Também estavam presentes o secretário nacional de Juventude, Ronald Santos, e o presidente do Conselho Nacional de Juventude, Marcus Barão
Durante o evento, Lula assinou decreto que amplia o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve), um colegiado de caráter consultivo, ou seja, deve sugerir iniciativas voltadas para os direitos dos jovens, além de promover estudos e pesquisas sobre a realidade desse público. Atualmente, o Conjuve é composto por 30 conselheiros, sendo 10 representantes do poder público e 20 representantes da sociedade civil. Com a ampliação, essas representações passarão a ser de 20 e 40, respectivamente.
Também foi assinado Acordo de Cooperação Técnica entre a Secretaria-Geral da Presidência, por meio da Secretaria Nacional de Juventude, o Ministério da Cultura, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério da Ciência e Tecnologia, para a construção de centros de referência para a juventude. Pelo acordo, estão previstos mais de 100 Pontos da Juventude dentro da estrutura dos CEUs da Cultura, 60 Pontos da Juventude nas estruturas dos 60 Centros Comunitários pela Vida (Convives) e implantação de Laboratórios de Iniciação Científica nos Pontos da Juventude.
Outro ato firmado durante o evento foi um acordo de cooperação técnica entre a Secretaria-Geral da Presidência da República e o Sebrae para promoção de pesquisas e projetos de apoio ao empreendedorismo entre jovens. Além disso, foi assinada portaria do novo projeto Estação Juventude, voltado ao desenvolvimento de centros de referência, casas de juventude e outros equipamentos para a população jovem.
Em meio aos anúncios, Lula enfatizou que “não tem na história do Brasil nenhum momento político em que a sociedade civil teve tanta possibilidade e tanta chance de participar da elaboração, da aprovação e da execução das políticas que nós colocamos em prática”.
Vitória sobre o fascismo
Já o ministro Márcio Macedo lamentou os retrocessos impostos ao país por governos que não tinham qualquer compromisso com a melhoria das condições de vida dos jovens.
“Foram oito anos de espera, foram seis anos de retrocessos e graves ameaças à nossa democracia. Mas, hoje, sob a liderança do presidente Lula, voltamos a reunir as múltiplas vozes das juventudes brasileiras com o lema Reconstruir no Presente, Construir o Futuro, Desenvolvimento, Direitos, Participação e Bem-Viver. Juntos, estamos resgatando mais um importante espaço de participação. Um espaço para a juventude expressar suas demandas, demandas que venceram a ditadura no passado e que agora voltam a expressar sua criatividade, potência e poder transformador para vencer o fascismo e a desesperança”, afirmou.
O secretário Nacional de Juventude, Ronald Sorriso, foi na mesma linha. “Eu quero falar o seguinte, presidente: é o senhor que construiu tudo isso aqui. Tudo isso aqui é o senhor que construiu. A participação desse povo, ela é marca do senhor, do presidente Lula. E nós estamos aqui para opinar, para divergir, para convergir, para construir, para decidir. A juventude brasileira está aqui para decidir os seus rumos”, disse.
O presidente do Conselho Nacional de Juventude, Marcos Barão, também se pronunciou. “Foram oito anos sem Conferência Nacional da Juventude, foram oito anos em que um dos principais mecanismos de participação social que a gente tem no Brasil e um dos maiores do mundo deixou de acontecer. Foi uma geração inteira que deixou de participar do processo de participação social, e nós chegamos aqui nesta quarta conferência para a retomada da política de juventude, para a construção de um novo plano nacional da juventude e de um novo momento, um novo capítulo na história do nosso país”, declarou.
A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuella Mirella, afirmou que a juventude foi o segmento da sociedade que mais sofreu com os retrocessos dos últimos anos. Citou os jovens que foram obrigados a abandonar os estudos e a se submeter a condições precárias de trabalho, como as verificadas entre os entregadores de aplicativos. Por outro lado, a estudante comemorou o fato de que muitos jovens conseguiram resistir e estão prontos para reconstruir o país junto com o governo Lula.
“Essa juventude que construiu grandes jornadas de luta, a juventude que construiu o tsunami da educação, a juventude que derrotou o Bolsonaro. Essa juventude que foi às ruas, senhor presidente, para lhe eleger. E é por isso que esperam tanto do seu governo. Gente, foram oito anos sem conferência. Oito anos que nós não pudemos participar desse processo de discussão de Brasil do futuro, de Brasil da esperança. E nesse ano nós tivemos grandes vitórias. A aprovação da renovação da lei de cotas, a recomposição do orçamento das universidades, a renegociação dos Fies, o Desenrola, o reajuste das bolsas de pesquisa”, pontuou a presidenta da UNE.
Da Redação