O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou nesta quinta-feira (29) com a Rádio Difusora do Acre e falou sobre a aprovação da reforma trabalhista pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal. Para ele, o governo federal está responsabilizando os brasileiros pela falta de presença, de investimentos e de credibilidade da União.
“É muito grave em função da crise econômica se tentar jogar a responsabilidade nas costas dos trabalhadores. O que eles fizeram ontem na CCJ do Senado foi tentar transferir para os trabalhadores a crise que existe por falta de credibilidade do governo. Estão jogando fora uma conquista que garante direitos mínimos aos trabalhadores brasileiros. Digo que isso não é uma reforma, é uma demolição”, disse Lula
A maneira de fazer o Brasil voltar a crescer, de acordo com o ex-presidente, é tornar o estado indutor da economia e fazer com que os empresários voltem a confiar no Brasil. “De 2003 a 2014 conseguimos fazer a economia crescer e distribuir renda, cuidar do povo brasileiro com o carinho e respeito que o povo merece. […] O BNDES precisa voltar a ser banco público”.
Questionado sobre as eleições de 2018, Lula disse: “se eu voltar vou provar para a elite brasileira mais uma vez que um metalúrgico saber governar melhor do que eles. Governar não, cuidar melhor dos brasileiros”.
Durante a entrevista, Lula foi questionado sobre a denúncia de Michel Temer feita pela Procuradoria-Geral da República ee que chegou nesta quinta-feira (29) à Câmara.
“Se a procuradoria denuncia o Temer, tem que ter provas materiais. Quando falo isso, é porque cansei de ser achincalhado sem ninguém apresentar uma prova. Isso desde 82, quando fundei o PT. Há uma divergência entre o presidente e a procuradoria sobre as provas materiais. Se ele (Temer) tiver culpa, tem que ser julgado. Se a procuradoria não tem provas, tem que passar pelo crivo do Conselho Nacional de Justiça e outras instâncias”.
Quanto ao “caso triplex”, Lula disse que a falta de provas e materialidade no processo só reforça o único objetivo dos procuradores da Lava Jato: torna-lo inelegível.
“No fundo, esse processo contra mim é a tentativa de me tornar inelegível para as eleições de 2018. Alguém vai ter que me pedir desculpa em algum momento. A Lava Jato tem que respeitar o estado democrático de direito”.
Fundo da Amazônia
Lula lamentou o corte de R$ 200 milhões pela Noruega em repasses para o Fundo da Amazônia anunciado pessoalmente ao presidente golpista Temer em uma viagem desastrosa feita neste mês à Europa.
“Quando fomos a Copenhague pela primeira vez, em 2009, aprovamos no Congresso uma lei na qual até 2020 iríamos reduzir o desmatamento. Dilma seguiu à risca e diminuiu. Agora, assistimos o discurso de que podem invadir a Amazônia, que vão vender terras para estrangeiros e há um descuido com o desmatamento. Quando eles anunciam o corte, é porque não estão creditando no Brasil. Eles sabem que o governo é resultado de um golpe”, declarou.
O ex-presidente citou como exemplo o estado do Acre, atualmente governado pelo petista Tião Viana, que, mesmo tendo alcançado um crescimento de 18% no PIB, conseguiu diminuir o desmatamento em 64%.
“Perdemos tudo por irresponsabilidade de um bando de golpistas, inclusive com a participação de senadores e deputados do Acre. Participe do processo eleitoral e se ganhar governa, o que não da é dar um golpe e tirar uma presidenta legitimamente eleita para colocar uma pessoa que não teve nenhum voto. A verdade é essa, eles plantaram vento e estão colhendo tempestade”.
Assista aos dois trechos da entrevista de Lula à Rádio Difusora do Acre:
Da Redação da Agência PT de Notícias