Bolsonaro ataca a democracia porque tem medo de ser derrotado nas eleições e, então, ser julgado pelos crimes que cometeu e continua cometendo na pandemia. A sociedade brasileira, porém, não aceitará nenhuma aventura golpista do atual presidente, que tem prazo de validade curtíssimo. A análise é de Lula, que, no último fim de semana, concedeu entrevista para a empresa pública de notícias alemã Deutsche Welle (DW) (assista à integra abaixo).
“Eu acho que, em algum momento, o Bolsonaro será julgado e é disso que ele tem medo”, afirmou Lula, após lembrar que Bolsonaro negou a seriedade da pandemia, sabotou as medidas de isolamento, não realizou uma coordenação nacional de combate à Covid-19 e, ainda, envolveu-se em esquemas de corrupção na compra e na tentativa de compras de vacinas, segundo apuração da CPI da Covid. O resultado são mais de 560 mil mortes, das quais a maior parte poderia ter sido evitada.
“Essa loucura toda que ele faz, de dizer que não vai deixar a Presidência, que se não tiver voto impresso não vale, é medo, porque ele sabe que vai perder e ele perdendo, tem medo de ser preso”, afirmou Lula. Para o ex-presidente, porém, “a sociedade brasileira não aceitará um golpe de Bolsonaro”. “O grande golpe que ele deu foi em 2018, a primeira vez que um presidente foi eleito com base em fake news. Ele mentiu durante toda a campanha, não participou de nenhum debate e foi eleito presidente da República. Ele é uma mentira”, observou.
Lula disse que há crimes de sobra para que Bolsonaro sofra o impeachment. No entanto, o presidente da Câmara, Arthur Lira, a quem cabe analisar os mais de 160 pedidos já entregues, não toma um providência e protege o atual presidente. Além disso, parte do sistema financeiro e da elite econômica ainda o apoiam porque ele tem entregado tudo que eles querem, como a destruição dos sindicatos e dos direitos trabalhistas. Mas, se Bolsonaro não for parado na Justiça, será nas urnas. “Não há expectativa de futuro com o Bolsonaro. (…) Ele tem prazo de validade, que vai até as eleições.”
Na avaliação de Lula, o Brasil vive um momento extremamente delicado, em que acabou dominado pela negação da política, o que enfraquece a democracia. É possível, no entanto, que o Brasil retome sua trajetória de crescimento e recupere sua democracia, defendeu o ex-presidente.
“Eu deixei a Presidência antes um pouco de o Brasil se tornar a sexta economia do mundo. O Brasil estava crescendo na economia, na defesa de sua soberania e em termos de participação internacional. O Brasil havia virado protagonista, participava de grandes decisões, passou a ser convidado para todas as reuniões do G7 e do G8, foi membro-criador do G20, foi criador com outros países dos Brics, da Unasul, da Celac. Hoje, lamentavelmente, estamos passando por um processo muito delicado, em que a política é negada e temos um presidente irresponsável, 100% mentiroso. Como eu gosto muito do Brasil e acredito que este país tem um potencial extraordinário, eu vou continuar brigando pra gente reconstruir nossa democracia e fazer o Brasil voltar a ser um país feliz”, garantiu Lula.
Da Redação