Em entrevista que concedeu à rádio Clube do Pará (ouça no fim desta matéria), nesta quarta-feira (31), Lula detalhou melhor suas propostas para recuperar a economia do país, aumentar a renda do povo e diminuir o preço dos alimentos, apresentados em seu programa eleitoral da terça-feira (assista abaixo).
Em primeiro lugar, ele disse estar preocupado não só com o desemprego, hoje acima dos 10%, mas também com os milhões de brasileiros que trabalham precarizados, sem nenhum registro na carteira nem qualquer direito.
“Queremos fazer um acordo com empresários e sindicatos, não para voltar à lei anterior, mas para que a gente possa criar condições para que os trabalhadores, mesmo os de aplicativos, possam ter direitos. Eles têm que ter descanso semanal remunerado, férias, algum tipo de seguro ou garantia caso sofram um acidente”, defendeu.
Lula também anunciou uma política de investimento em micro, pequenos e médios empreendedores brasileiros, que vai criar uma política de crédito, junto ao BNDES, Banco do Brasil, Caixa, para financiar aqueles que querem ter um pequeno negócio. “Vamos incentivar a criatividade das pessoas, a vontade das pessoas, para ver se o país sai da letargia em que está hoje.”
Além disso, caso seja eleito, Lula vai, no campo, retomar o apoio aos pequenos agricultores e, nas cidades, recuperar as obras do PAC e o Minha Casa Minha Vida. Ele disse que seu governo não será como o atual, que não investe no país, não realiza nenhuma obra e ainda mente, tentando “roubar” a autoria de projetos como a Transposição do São Francisco. “O governo tem que dar o ponta-pé inicial porque, se não, os empresários não vão acreditar e não vai vir dinheiro do exterior para cá.”
Salário e comida
Uma terceira medida a ser adotada é retomar a valorização do salário mínimo, que, na época em que ele governou, sempre subia acima da inflação. “O salário mínimo aumentou 74% no meu governo e vai aumentar outra vez”, garantiu. Outra proposta é negociar a dívida das famílias, para que elas fiquem com o nome limpo e tenham tranquilidade.
E para reduzir o preço dos alimentos, Lula disse que vai aumentar a capacidade produtiva do pequeno e médio produtor rural, como fez quando governou. “Vamos financiar máquinas, implementos agrícolas para que o pequeno e médio produtor possa produzir mais e, assim, baratear o arroz, o feijão, a carne, o tomate, a cenoura, para que o povo possa comer mais barato e de forma mais saudável. É esse país que a gente vai criar e é assim que a gente vai fazer a economia voltar a crescer.”
Corrupção e sigilo de 100 anos
Como tem feito sempre, Lula não fugiu do tema da corrupção. Explicou que há duas formas de lidar com a questão: deixando ela aparecer ou escondendo. Seu governo, lembrou, fez de tudo para que a corrupção não fosse escondida, com medidas como o Portal da Transparência, a Lei de Acesso à Informação e o fortalecimento do Ministério Público da União e da Polícia Federal.
Ele ainda lembrou que sofreu perseguição e acabou inventado em 26 processos, sendo que as únicas condenações vieram do ex-juiz Sergio Moro, que agiu com interesses políticos para tirá-lo da eleição, como ficou comprovado pelo STF.
Hoje, porém, a coisa é bem diferente, lembrou, já que Bolsonaro decreta sigilo de 100 anos para quase tudo. “Nós temos um presidente da República que sequer exigiu a investigação do Queiroz, dos seus filhos ou das denúncias que a CPI encontrou contra o Pazuello, nas negociatas feitas com a vacina. Ele não apenas coloca a sujeira para baixo do tapete como transforma em sigilo de 100 anos toda e qualquer denúncia contra ele.”
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Desmatamento e segurança
Perguntado sobre desmatamento e segurança na Amazônia, temas muito importantes para o estado do Pará e toda a região Norte, Lula disse que a primeira medida será aumentar o processo de fiscalização, aparelhando melhor a Polícia Federal e a polícia fronteiriça.
“Ao mesmo tempo, vamos criar o Ministério da Segurança Pública, sem interferir nas decisões dos estados, mas envolvendo Ministério Público, a Defensoria Pública, a Justiça. Vamos criar um comitê científico para estruturar a segurança pública, com aprimoramento, metas e avaliações, retomar o estatuto do desarmamento e buscar acordo com países para combater o tráfico de drogas e de armas. E vamos assegurar a liberação do Fundo de Segurança Pública e do Fundo Penitenciário, que existem e ninguém usa”, afirmou.
Ele se comprometeu a ser duro contra o desmatamento e proibir terminantemente qualquer garimpo ilegal. “Vamos fazer isso com o Ministério da Segurança Pública e uma nova polícia que será formada, para não precisar mais de deslocar as Forças Armadas para uma função que não é delas. E vamos assumir compromissos internacionais. Porque, embora a Amazônia seja soberana do Brasil, a riqueza da biodiversidade precisa ser explorada cientificamente e desenvolver riqueza que possa sustentar os milhões de pessoas que moram na região.”
Da Redação