Inácio Lemke já se preparava para deixar a sede da Polícia Federal nesta segunda-feira (23) quando foi interpelado pelo ex-presidente Lula para que orassem juntos. O pastor luterano imediatamente deu meia-volta e caminhou em direção ao amigo, que lhe abraçou em silêncio.
“Oramos pelo Brasil e eu lhe pedi para que continue com essa firmeza. Eu me senti muito comprometido a ele. A oração une as pessoas. A espiritualidade faz mais do que imaginamos”, relevou o religioso.
Lemke, que nos anos 1980 partiu de São Leopoldo (RS) para São Paulo só para testemunhar in loco um dos hoje célebres discursos do então líder sindical, pensa como a maioria do povo brasileiro e o considera como o único capaz de devolver a esperança ao país: “Eu me senti honrado em visitar aquele que é o mais famoso e conhecido do Brasil para o próprio brasileiro. Ele me disse que o povo precisa ser alimentado com esperança. Lula acredita que nós somos capazes de tirar esse desespero, esses índices negativos e criar de novo uma agenda positiva para a população”.
O próprio Lemke, que ao entrar no local onde Lula é mantido como preso político há mais de 100 dias temia ser tomado por desânimo, deixou a PF ainda mais otimista de que o Brasil vai voltar aos tempos de glória em que era governado pelo PT.
“Eu tenho muito respeito e admiração por ele. Entrei com uma expectativa e saí muito mais animado. Ele alimenta muito a gente com esperança. Aliás, ele me pediu para trazer esperança aqui para fora para o povo brasileiro”, revelou.
O otimismo, no entanto, não quer dizer que Lula não esteja preocupado com o que os golpistas estão fazendo com o Brasil – em menos de dois anos, Temer devolveu o país à linha da pobreza, os índices de desemprego batem recorde atrás de recorde e a mortalidade infantil voltou aos mesmos índices de duas décadas atrás.
“Lula tem certeza que nós podemos fazer do Brasil o que era até pouco tempo atrás. Em nome dele, trago palavras de esperança para os movimentos, sindicatos, a juventude. Ele, aliás, me pediu para dizer o seguinte: ‘Muita gente passou por provações e eu estou passando por uma muito grande neste momento. Mas não desanimem porque eu estou muito animado’.”
Ao pastor, Lula reiterou o que vem dizendo há muito tempo e que é o desejo de milhões de brasileiros e brasileiras: ele será candidatos à Presidência e acredita muito nas missões realizadas pela militância e pelos que defendem a Justiça e a democracia.
“Ele me contou uma história de quando era presidente: ‘Eu sempre fiz do meu governo um espaço como uma grande família em que eu era a mãe. Se havia um filho mais debilitado que outro eu oferecia um pedaço maior de carne, um pouco mais de farofa. O maior problema do meu governo para os golpistas é que fiz um governo de inclusão. Mas para eles a palavra inclusão parece ter se tornado um veneno'”, concluiu.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias