A Agência Lupa fez uma checagem dos argumentos do ministro da Economia, Paulo Guedes, na audiência da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, e constatou que ele deu informações falsas sobre o rombo da Previdência dos militares. Durante a reunião na quarta-feira (3), o guru econômico de Jair Bolsonaro (PSL), que compareceu na CCJ para falar sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que desmonta a Previdência Social, também falsificou dados sobre a expectativa de sobrevida de um trabalhador aposentado.
Na audiência, Guedes disse que “[Em 2018] os militares já estavam com R$ 19 bilhões [de déficit na Previdência]”. A Lupa, por sua vez, desmentiu a informação do ministro. A publicação recorreu ao levantamento feito no mês passado no qual mostra que o rombo com o sistema de proteção social dos militares – regime de Previdência da categoria – é mais do que o dobro do valor citado por Guedes. O saldo alcançou R$ 45,4 bilhões em 2018, em valores já corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Ainda segundo a Lupa, os R$ 19 bilhões citados pelo ministro de Bolsonaro representam apenas uma parte do déficit, correspondente aos pensionistas militares. Esse grupo deu um gasto de R$ 22,2 bilhões e gerou uma receita de somente R$ 2,4 bilhões, o que resulta num déficit de R$ 19,6 bilhões. No caso dos militares inativos, que não contribuem, o rombo é ainda maior e alcançou R$ 25,7 bilhões.
Ministro desconhece a realidade do país
Guedes também mostrou profundo desconhecimento, segundo a checagem da Lupa, sobre as diferenças sociais e econômicas nas diferentes regiões do Brasil. Durante a audiência na CCJ, o ministro disse que “quando você chega à idade de se aposentar, a sobrevida é igual. Tanto faz você estar no Piauí ou no Rio [de Janeiro]”.
O guru de Bolsonaro cometeu um erro profundo ao considerar que a expectativa de sobrevida aos 65 anos é igual em todos os estados do país. A Lupa mostrou, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que o dado pode variar em até quatro anos nas diferentes unidades da federação. A expectativa de sobrevida representa quantos ano uma pessoa vive, em média, após atingir uma determinada idade – no caso da avaliação da PEC da reforma da Previdência, 65 anos.
Segundo dados da Tábua Completa de Mortalidade de 2017 – do IBGE -, entre os dois estados citados por Guedes, Piauí e Rio de Janeiro, a diferença é de 2,4 anos. No estado do Nordeste, um trabalhador que atinge 65 anos vive mais 16,3 anos, em média. Já no Rio de Janeiro a sobrevida média é de 18,7 anos.
Ainda de acordo com a Lupa, o estado no qual as pessoas de 65 anos tendem a viver mais é Santa Catarina, cuja expectativa é de 20 anos. Em Roraima, pior estado nesse quesito, a expectativa é de 16 anos.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da Agência Lupa