Manifestação contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55 foi, mais uma vez, reprimida de forma truculenta pela Política Militar. Na tarde desta terça-feira (13), enquanto o Senado aprovava a PEC da Morte, manifestantes se reuniam na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), para protestar contra a medida que vai congelar os investimentos sociais, como saúde e educação, por 20 anos.
Porém, a PM usou de bombas, balas de borracha e spray de pimenta para reprimir o ato e impedir o acesso à Esplanada. Diversos participantes ficaram feridos e mais de 70 pessoas foram detidas com base, supostamente, na Lei da Segurança Nacional.
Mais de 1,5 mil policiais foram destacados para impedir a realização do ato, que reuniu cerca de três mil pessoas, de acordo com a Frente Brasil Popular (FBP).
Para um dos coordenadores da FBP, Igor Felippe, ouvido pelo jornal Brasil de Fato, a ação da PM foi uma verdadeira “operação de guerra”. A própria Frente publicou nota condenando a operação.
“Cerca de 3 mil manifestantes foram reprimidos pelo aparato militar, que colocou tropa de choque, cavalaria e armamento pesado contra movimentos populares da cidade e do campo, sindicalistas e estudantes. Diante da violência do aparato militar, os manifestantes recuaram. A polícia avançou, jogando bombas e ocupando espaços com a cavalaria, os carros e batalhões”, lamentou o dirigente.
A postura da polícia, segundo Igor Felippe, evidencia o posicionamento político do governo sem votos de Michel Temer (PMDB).
“Um governo ilegítimo não tem como conviver com manifestações democráticas. O direito de manifestação é desrespeitado. O plano deles é fechar a Esplanada e impedir protestos para impor o programa neoliberal. Precisamos resistir ao avanço do Estado de Exceção”, ressaltou.
Brasília vira praça de guerra após aprovação da PEC 55 https://t.co/n3BrLQtSGf
— Paulo Pimenta (@DeputadoFederal) 14 de dezembro de 2016
Há uma criminalização crescente dos movimentos populares, na avaliação do dirigente Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Distrito Federal, Marco Antonio Baratto.
“A tendência agora é que todo ato na Esplanada ocorra com bastante repressão. Estamos vivendo um momento muito tenso na política. Os militantes organizados não têm mais nem o direito de se manifestar contra aquilo de que discordam. Estão querendo tratar todo mundo como organização criminosa. Agora nos cabe intensificar as lutas”, avaliou Baratto.
O senador e líder da minoria, Lindbergh Farias (PT-RJ), repudiou a violência da PM e informou que a oposição está estudando ações para buscar a responsabilização do governo pela conduta da polícia.
“É um escândalo o que está ocorrendo neste País e a extrema violência contra as manifestações faz parte do projeto do golpe. Até os jornalistas têm que cobrir as manifestações com capacetes, com proteção, etc”, afirmou.
Outros parlamentares petistas também criticaram a ação da PM e a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados acompanhou o caso dos manifestantes presos.
PM usa Lei de Segurança Nacional para prender estudantes em Brasília | Brasil 24/7 https://t.co/LqbPLQicyV
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Mobilização na capital paulista
Em São Paulo, as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular também organizaram ato contra a aprovação da PEC 55. Os participantes se concentraram na Praça do Ciclista e seguiram em caminhada pela avenida Paulista.
A população gritava “Fora, Temer” e pedia um referendo sobre a PEC da Morte. Para Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), a aprovação é a maior ofensiva contra o povo brasileiro desde o fim da ditadura militar.
“Congelar investimento social por 20 anos é um escalabro. Esta mobilização tem o objetivo de manifestar a completa indignação e insatisfação com a aprovação dessa PEC e também exigir um referendo. O Congresso e o Senado não têm autoridade moral para tomar uma decisão como essa e decidir em nome do povo brasileiro. Precisa ter um referendo para saber se o povo quer ou não congelar gasto público por 20 anos”, disse.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Brasil de Fato