A participação das mulheres na política foi tema do debate entre as candidatas à vice-presidência da República promovido nesta sexta-feira (28) pelo jornal El País e pelo Instituto Locomotiva, com apoio da ONU Mulheres e do Ibmec, que contou com a participação das candidatas Manuela D’Ávila (PCdoB), Kátia Abreu (PDT), Sônia Guajajara (Psol) e Ana Amélia (PP).
A candidata a vice-presidenta na chapa encabeçada por Fernando Haddad, Manuela D’Ávila, em resposta às jornalistas, afirmou que as mulheres não podem retroceder em nenhum direito e destacou o Plano de Governo da coligação “O Povo Feliz de Novo”, que tem o avanço de direitos e combate à desigualdade de gênero no centro de suas políticas.
“Para trás a gente só anda pra pegar impulso, então, não podemos retroceder em nenhum direito. A nossa candidatura tem um projeto que é todo focado para a questão das mulheres, porque os grandes problemas das mulheres brasileiras têm relação intrínseca com os grandes dilemas que o Brasil vive hoje”, disse Manuela.
Ao falar sobre igualdade no mundo do trabalho, ela defendeu a revogação da reforma trabalhista e da Emenda Constitucional 95, que congela investimentos em áreas como saúde e educação pelo período de 20 anos, como forma de construir condições para que as mulheres estejam no mercado.
“Com a PEC do Teto dos Gastos não tem como ter mais creche, mais educação pública, e as mulheres sabem o peso que isso tem. Quando o Estado falta, quem cuida da criança é a mulher, sozinha. Também precisamos revogar a reforma trabalhista, porque, se com a CLT nós já tínhamos os trabalhos mais precarizados, sem ela as mulheres serão jogadas à miséria”, completou.
Durante o debate, Manuela D’Ávila também foi questionada sobre políticas para o enfrentamento à violência contra a mulher. A candidata pontuou a necessidade de investimentos para a estruturação da rede de proteção prevista pela Lei Maria da Penha e argumentou sobre a necessidade de combate ao machismo.
“Nós precisamos construir um Brasil em que homens tratem mulheres como suas iguais, e não como sua propriedade, por isso é tão importante condenarmos o discurso misógino a nós, mulheres, produzido por determinados candidatos. Não é ‘mimimi’, isso nos mata, isso nos persegue”, afirmou Manu.
Ao responder sobre o empoderamento das mulheres, a candidata avaliou que este é um tempo de sororidade e de união da luta das mulheres. “As nossas lutas são diversas, mas nós estamos juntas nelas. E isso, para mim, fornece mais força para que todas nos empoderemos juntas.”
Ao final do debate, nas considerações finais, Manuela reforçou que o investimento em políticas públicas é o ponto de partida para o combate às desigualdades e reafirmou que esse é um compromisso assumido por ela e Fernando Haddad para retomar o caminho do crescimento.
“Nós estamos prontos, serenos e firmes, para tirar o Brasil da crise, para o caminho do desenvolvimento com justiça social. Precisamos devolver a paz para o Brasil, e a paz chama-se geração de emprego, geração de renda, saúde, educação, creche e mulheres tratadas com dignidade”, finalizou.
Mais mulheres na política
O debate entre as candidatas à vice-presidência foi pautado por uma pesquisa inédita divulgada pelo Instituto Locomotiva que trouxe dados sobre a percepção das mulheres sobre a política. O levantamento mostra que 95% das mulheres acreditam que deveria haver mais representação feminina na política, sendo que 94% das entrevistadas não se sentem representadas pelos políticos em exercício atualmente. Da base de dados, 90% das mulheres discordam que os políticos pensam nas necessidades da população para tomar suas decisões
O estudo do Locomotiva é baseado em 2015 entrevistas realizadas em 35 cidades na primeira semana de setembro, com mulheres brasileiras de com 16 anos ou mais.
As informações extraídas do estudo mostram ainda que 76% das mulheres concordam que seu voto pode fazer a diferença no país; 72% afirmam se interessar em algum grau por política e 55% entendem que a política é o melhor caminho para as mulheres sofrerem menos desigualdade.
Por Geisa Marques, da Comunicação Elas por Elas