No fim de outubro, o governo Bolsonaro acabou, com uma só tacada, tanto com o auxílio emergencial quanto com o Bolsa Família, para colocar no lugar seu programa eleitoreiro, o Auxílio Brasil. Conforme o Partido dos Trabalhadores denunciou na quarta-feira (17), a medida abandonou à própria sorte mais de 29 milhões de famílias. Isso porque, até o mês passado, 43,9 milhões de benefícios eram pagos por meio dos dois programas extintos, mas o Auxílio Brasil só contempla 14,5 milhões. Ou seja, de uma hora para outra, 29,4 milhões deixaram de receber ajuda para enfrentar a fome.
A maior parte das famílias excluídas foi identificada pela assessoria técnica do PT no painel de monitoramento VIS Data, do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Ali, a equipe conseguiu apontar a diferença entre o total de beneficiários do auxílio emergencial e do Auxílio Brasil não só no país, mas em cada estado e até mesmo em cada município (veja aqui o que aconteceu em sua cidade).
Agora, o levantamento traz outro recorte que revela a dimensão do problema para os grandes centros urbanos. A análise do total de excluídos nas 20 cidades com maior número de beneficiários do extinto auxílio emergencial (tabela abaixo) mostra que, de repente, São Paulo e Rio de Janeiro ganharam um contingente de desassistidos na ordem de 1,5 milhão e 1 milhão, respectivamente.
Em outras capitais, como Salvador e Manaus, esse número ultrapassa os 400 mil. E, em Brasília, onde pessoas imploram aos gritos por comida no meio da rua, o corte foi tão brutal que o número de benefícios caiu 81%, indo de 482,5 mil para 91,1 mil, gerando a exclusão de mais de 391 mil famílias. Não é preciso ser grande especialista no assunto para concluir que, inevitavelmente, o problema da fome se agravará ainda mais nesses centros urbanos, uma vez que o desemprego segue alto e o preço dos alimentos não para de subir.
Mapa da Exclusão nas 20 cidades com maior número de beneficiários do auxílio emergencial:
*É importante destacar que o número de excluídos em cada uma dessas localidades pode ser ainda maior, uma vez que o PT ainda não teve acesso ao total de famílias por município que continuaram recebendo o Bolsa Família durante a vigência do auxílio emergencial. A presidenta nacional do partido, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), já solicitou esses números ao governo Bolsonaro.
O ataque de Bolsonaro aos pobres
Bolsonaro criou o Auxílio Brasil com objetivos claramente eleitorais, para ter o que mostrar na campanha do ano que vem. Tanto que os recursos para pagar os R$ 400 por mês que prometeu só vão durar até o fim de 2022. Isso se esse dinheiro sair, pois o governo disse que ele depende da aprovação da PEC dos Precatórios. Como a PEC ainda não foi aprovada no Congresso, o governo está pagando, agora em novembro, apenas R$ 200 aos 14,5 milhões que não foram excluídos.
Para piorar, o Auxílio Brasil não é o Bolsa Família com um novo nome. Não. O programa de Bolsonaro é totalmente diferente e acaba com todos os pilares que fizeram do Bolsa Família o melhor programa de transferência de renda do mundo (leia mais sobre isso aqui). Portanto, o que o atual governo está fazendo é acabar com o Bolsa Família, que funcionou muito bem durante 18 anos, para colocar no lugar um programa feito de improviso e que só tem garantia de todos os recursos até as eleições de 2022.
Ou seja, em 2023, o povo não terá mais auxílio emergencial nem Bolsa Família nem a rede de proteção social criada pelo programa. E a parcela da população que estiver no Auxílio Brasil não saberá se continuará recebendo ajuda. É um verdadeiro ataque à parcela mais pobre da população.
Da Redação