Passado mais de um mês desde o afastamento da presidenta Dilma Rousseff, o país se mantém paralisado, entre a apatia e o horror que tão bem definem o governo que aí está: um simulacro de poder ocupado pelos últimos baluartes da fisiologia política pura, da política pequena e mesquinha do toma-lá-dá-cá.
A demonização sistemática da política, a execração estratégica da esquerda pela mídia, as nossas fragilidades democráticas de sempre, tudo convergiu para esses tempos de desencanto em que uma mulher honesta, julgada e condenada por uma maioria de notórios corruptos, é mantida longe do poder lhe conferido por mais de 54 milhões de brasileiros e brasileiras.
A própria narrativa do golpe se encerrou. Não houve pedaladas fiscais, nem muito menos crime de responsabilidade, requisito constitucional para o processo de impeachment. Houve um golpe, o que o mundo inteiro já sabe e repete, menos a nossa mídia, ridiculamente parcial, mas ainda capaz de formar almas e corações. Infelizmente.
A questão, portanto, é mais simples: quem apoia o golpe e por quê. O que, aliás, todos sabemos, desde sempre. Nem precisávamos daqueles diálogos do senador Romero Jucá, do PMDB. O golpe foi perpetrado pelos corruptos para fugir dos únicos governos que, de fato, combateram a corrupção.
Por isso, vamos continuar na resistência a esse golpe. Hoje e sempre.
Marcia Rosa é prefeita de Cubatão (SP) pelo PT