A média de móvel de novos casos e os óbitos em decorrência da pandemia do coronavírus explodiram no país, antecipando algumas projeções para a segunda metade do mês de janeiro. Segundo o consórcio de veículos de imprensa, neste domingo (10), a média móvel de contágios bateu recorde e chegou a 53,2 mil novos casos. Do mesmo modo, a média de mortes superou a marca de mil óbitos, a maior desde 10 de agosto. O consórcio aponta que o país tem 203.140 mil óbitos e 8.104.823 contaminações. 17 estados mais o Distrito Federal têm alta de mortes. Especialistas voltaram a alertar que só a imposição de um rigoroso ‘lockdown’, como adotado na Europa, poderá impedir o total descontrole do surto e evitar mais mortes no país.
“Outras medidas não gerarão efeito suficiente no tempo que temos até a vacina ser implementada”, alerta o pesquisador de Oxford e integrante do Imperial College, Ricardo Schnekenberg, em entrevista ao jornal ‘O Globo’. “Não estamos na mesma situação de março, em que se falava em lockdown e não tinha perspectiva de quanto tempo iria demorar. Agora (com as vacinas) temos um horizonte muito mais próximo. É uma medida de curto prazo, que não faz o vírus desaparecer, mas reduz o número de casos para que outras sejam implementadas e tenham efeito a longo prazo”, argumenta.
Para o pesquisador, o lockdown é necessário porque o efeito da vacinação não será sentido no curto prazo. “A vacina está perto, mas não tanto assim. Mesmo que começasse a ser aplicada hoje e tivesse doses suficientes para todos, não se esperaria um efeito significativo na queda do número de mortes por pelo menos 90 dias”, sustenta ele.
“E as vacinas só funcionam para as pessoas que sobreviverem e chegarem até lá. A restrição auxiliaria a redução drástica no número de casos e mortes, desafogaria os hospitais e auxiliaria o poder público no processo de administração da vacina”, sugere.
Falhas em restrições pontuais
Para Ricardo Schnekenberg, a adoção de medidas de restrições pontuais, que funcionem apenas em nível estadual ou municipal, não são suficientes para impedir a propagação do vírus. Ele defende uma coordenação nacional na aplicação das medidas. Nesta segunda-feira (11), Belo Horizonte (MG), fechou todos os serviços não essenciais.
“Restrições a nível municipal e estadual tendem a falhar, porque os municípios e estados não têm caixa suficiente para bancar esses suportes. Ainda mais para fazer restrição por um tempo suficiente para ter efeito, o que não se consegue com duas semanas”, opina.
“Há trânsito de pessoas nas regiões, cria-se discussão política nas regiões vizinhas, reduz a adesão da população porque parece injusto que uma pessoa que mora em um local tenha que fechar, e outra não. Diferentes estados e cidades têm diferentes capacidades financeiras e acabam não sustentando as pessoas como deveria ser feito. Um suporte financeiro como estou falando custa muito caro. Para ser feito, decisões a nível federal precisam ser realizadas”.
Europa atingida duramente por 2ª onda
Na Europa, duramente atingida por uma segunda onda da doença, a chanceler Angela Merkel disse neste domingo que as próximas semanas serão as mais difíceis. A Alemanha ultrapassou o patamar de 40 mil mortos e o sistema de saúde está operando com mais de 80% dos leitos de UTI ocupados. A Bélgica chegou à marca de 20 mil óbitos e ocupa o primeiro lugar do mundo em mortes por milhão de habitantes. O Reino Unido registrou mais de 81 mil mortes. Ao todo, o planeta já registra mais de 90 milhões de infecções por Covid-19 e quase 2 milhões de mortes.
Merkel avalia que ainda não é possível conhecer o real impacto das festas de fim de ano. Ela estendeu o lockdown na Alemanha até 31 de janeiro. O país, que havia entrado em um lockdown parcial no dia 2 de novembro, não conseguiu evitar a expansão do vírus. 40 casos de contágio pela nova cepa britânica, mais transmissível, foram detectados na França. Um deles é o de uma família francesa que passou os feriados de fim de ano na Grã-Bretanha.
Enquanto isso, a Europa corre contra o tempo para imunizar as populações de 28 países. As vacinas começaram a ser aplicadas na semana passada. Na Alemanha, que tem uma população de 83 milhões de pessoas, cerca de 265 mil receberam a primeira dose da vacina. O Brasil ainda não tem data para o início das imunizações.
Da Redação, com informações de ‘UOL’, ‘Globo’ e ‘AP News’