Falha de testagem em massa elevou casos graves da Covid-19, aponta Fiocruz

A avaliação é da Fiocruz que realizou estudos sobre diferentes métodos e comportamentos governamentais diante da pandemia. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o governo mantém 6,5 milhões de testes estocados no galpão do Ministério da Saúde no Aeroporto de Guarulhos (SP)

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Governo não realizou testagem da população

A falha na testagem em massa no Brasil contribuiu para o aumento de casos graves da Covid-19. Também impediu que os estados melhor orientassem as suas ações contra a doença. A avaliação é da Fiocruz, que realizou estudos sobre diferentes comportamentos diante da pandemia. A informação é do portal Uol, divulgada nesta sexta-feira, 8.

Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, o governo mantém 6,5 milhões de testes estocados no galpão do Ministério da Saúde no Aeroporto de Guarulhos (SP). Sem destino,  e ameaçados de deterioração, ou de ir para o lixo, o ministério apenas “estendeu” o prazo de validade.

De acordo com o Uol, estudo de pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação Científica em Saúde (Icict/Fiocruz) aponta que as testagens “são feitas com pouco ou nenhum planejamento e sequer contamos com um indicador confiável sobre seus resultados”. Os testes são feitos pelos estados em “estratégias independentes e aleatórias”, dificultando uma compreensão melhor da pandemia, avalia o estudo.

“No Brasil, vários aspectos determinaram a falha na testagem e, consequentemente, o aumento de casos graves, que levou a um grande número de óbitos, grande parte evitáveis”, afirma Diego Xavier, epidemiologista do Icict. De acordo com o especialista,  um dos problemas detectados foi a descentralização da compra e da distribuição de testes.

“Isso trouxe a fragmentação da informação e ainda onerou de forma significativa os cofres públicos, já que a compra centralizada de testes traria vantagem na negociação e a distribuição coordenada dos testes e proporcionaria maior clareza da informação. Isso possibilitaria a criação de indicadores como o de positividade que, em última análise, traz ganho de oportunidade nas intervenções”, conclui Xavier.

A única estratégia que vem sendo utilizada no país é o monitoramento da incidência de casos confirmados e óbitos, identifica o estudo. O que traz “resultados mais limitados e com muito atraso” em relação ao momento da infecção. A análise de positividade dos testes aponta que já no fim de outubro vários estados apresentavam crescimento no indicador, sobretudo nos testes RT-PCR.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) aponta uma positividade menor que 5% como um indicador de que a epidemia está sob controle. Desde o início da pandemia, segundo o estudo, nenhum estado apresentou valores tão baixos. Estados como Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, por exemplo, apresentam positividade em valores que vão de 25% a 50%.

“O grande volume de testes positivos também evidencia a baixa capacidade de testagem e a permanência da circulação do vírus, gerando o descontrole da epidemia”, diz a nota técnica citada pelo Uol. “Os testes têm um papel muito importante no monitoramento das epidemias e de suas tendências”, explica explica Raphael Saldanha, especialista em saúde pública e um dos autores do estudo.

Segundo ele, modelo usado em países com Coreia do Sul e Nova Zelândia, por exemplo, conseguiram controlar as transmissões. “Com isso, as autoridades de saúde podem realizar uma intervenção mais efetiva e direcionada, detectando e isolando os infectados e interrompendo rapidamente a cadeia de transmissão do vírus”, afirma o especialista.

Da Redação com Uol

 

 

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