Partido dos Trabalhadores

Mesmo quebrado, Bolsonaro quer perdoar dívida de R$ 11 bi do agronegócio

Após cortar gastos com proteção do meio ambiente, governo busca beneficiar ruralistas que devem bilhões ao Fundo de Assistência do Trabalhador Rural (Funrural)

Reprodução

Se em nome da recessão técnica, na qual Bolsonaro enfiou o Brasil, o governo corta na habitação, no salário mínimo e na saúde, por outro lado ele dá um “jeitinho” de beneficiar seus aliados políticos. Agora é a vez dos ruralistas receberem sua fatia no bolo.

Reportagem do Valor Econômico desta terça-feira (17) revela que Bolsonaro deseja renegociar a dívida bilionária do agronegócio com o Fundo de Assistência do Trabalhador Rural (Funrural). O calote é avaliado em R$ 11 bilhões e Bolsonaro planeja anistiar os ruralistas já em 2020. Vale lembrar que para 2020 Bolsonaro propôs redução de 34% nos repasses para combate à incêndio e 30% do orçamento total da pasta de Meio Ambiente.

Durante sua campanha eleitoral em 2018, Bolsonaro afirmou aos ruralistas estar junto “nessa briga contra o Funrural”. A promessa de campanha assumia o compromisso de perdoar todas as dívidas do fundo, que chegavam a R$ 17 bilhões. Jair obteve grande suporte de latifundiários nas eleições e hoje conta com o apoio da bancada ruralista no Congresso.

A deputada federal do PT Marília Arraes (PE) falou sobre mais esse absurdo cometido pelo governo que só tira do povo brasileiro e favorece os aliados, bem diferente do “fim da mamata” proposto pelo presidente fake Jair Bolsonaro. “Conceder o perdão a um montante como este, que poderia garantir uma “reoxigenada” nos cofres públicos, é jogar contra os interesses do povo! É inadmissível ouvir de um agente público que a única salvação para o Brasil é acabar com direitos básicos da população ao invés de ir de encontro aos privilégios dos mais ricos”, afirmou a parlamentar.

Erros passados

O déficit é de longa data, mas os ruralistas sempre se apoiaram em decisões judiciais liminares (provisórias) para não pagar o que deviam ao Funrural. Porém, decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2017 derrubou as liminares ao julgar constitucional a cobrança de dívidas.

Em 2018, o governo golpista de Temer criou um Plano de Recuperação Fiscal (Refis). Na época, o plano era vendido como “o maior Refis da história” e acabou fracassando. A estimativa inicial de arrecadamento de R$ 1 bilhão por ano não se concretizou e o governo recebeu somente R$ 500 milhões até hoje. Os produtores rurais tinham até 31 de dezembro de 2018 para se inscrever no programa, mas a maioria não aderiu por confiar em Bolsonaro para anistiar a dívida.

Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do Valor Econômico